Greve dos Correios, no Tribunal Superior do Trabalho (TST): a ministra Kátia Arruda, relatora da ação para decidir pela legalidade ou ilegalidade da greve na estatal, disse que nunca viu uma empresa propor a retirada de mais de 70 itens concedidos historicamente aos funcionários.
E, certamente, a ministra também nunca viu o TST aceitar, por maioria (sem o voto dela), a retirada da maioria destas cláusulas, que beneficiavam os trabalhadores.
Foram deixadas 29: 9 aceitas pelos Correios e 20 que tratam de benefício social.
A licença maternidade mudou: não será mais de 180 dias. Fica em 120 dias.
A remuneração das férias não será mais de 2/3 de adicional ao salário. Fica em 1/3.
Os trabalhadores reivindicaram reposição salarial de 5%. Ganharam apenas 2,6%.
O Governo Jair Bolsonaro alega que os mais de 70 itens (privilégios?) punham em risco a sustentabilidade dos Correios.
A ministra Kátia Arruda, porém, disse que a procura pelos Correios aumentou na pandemia, o que gera impacto nos lucros da estatal.
A greve dos Correios chega ao fim – pelo menos no tapetão da Justiça.
Pode ser a primeira experiência de desmonte dos direitos trabalhistas. Com aval da Justiça, o que torna a situação ainda pior e mais inquestionável.
Em 13 de julho de 2017, Michel Temer sancionou uma reforma trabalhista que chamou de sua.
Em 22 de setembro de 2020, o TST mostrou os efeitos práticos dela.
E até o final do ano, a era Bolsonaro quer vender os Correios.
Eis as coincidências.
Ou não.