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Teoria e prática espírita: fiel da balança

Uma cascata de terminologias nos encanta ou faz zumbido em nosso entorno. Há muita coisa sendo dita, sendo repetida, mas a finalização do processo comunicativo se revela deficitária.

Muito antes de fake news se tornarem definidoras de campanhas eleitorais, as aulas básicas já nos alertavam sobre a importância de bem compreendermos o que é dito, para não pecarmos na interpretação.

Como bons frequentadores de casas espíritas, muitos de nós mais ouve do que fala, haja vista a estrutura organizacional predispor sutilmente os públicos a passividade. Não tecemos crítica a esta metodologia de trabalho, porque também acreditamos que em muitos momentos o silêncio é mesmo uma forma de prece, já que vivemos transtornados por ruídos ininterruptos.

Porém, seguramos neste gancho para refletir sobre o quanto é fácil se deixar impressionar pela eloquência de um palestrante!

A habilidade no uso da retórica em uma reunião dita doutrinária, pode permitir manipulação, caso os receptores se mantenham imobilizados mentalmente quanto ao sentido real daquilo que é dito.

A responsabilidade de compreensão das coisas não será pedida a quem emitiu a informação, mas haverá expectativa sobre o modo como o receptor elaborou o pensamento a partir do que recebeu.

Assim, podemos acreditar que a balbúrdia criada nas casas espíritas a partir do levante direitista que espantou adeptos para vários lados, em todas as regiões do Brasil, cabe muito bem no mix de ignorância, com déficit interpretativo, manuseados ruidosamente por oradores conhecidos do grande público, indutores de outros tantos anônimos.

Mas este fenômeno não revela dose grande de preguiça mental por parte de quem terceiriza as opiniões sobre sociedade, relacionamentos e outras coisas importantes?

Por qual brecha o ódio conseguiu entrar onde se fala tanto de amor?

Talvez tenha sido pela brecha da invigilância verbal!

Um contágio orquestrado pela treva, em forma de colóquios e induções, sempre embebidos nos preconceitos comuns.

Uma pitada de enfraquecimento identitário, talvez por força do ego, também pode ter contribuído para que a exaltação do disparate chegasse ao ponto que agora admitimos ter chegado.

Teoria e prática, eis o desafio posto.

Desde o Evangelho, as advertências: “não bastará dizer Senhor, Senhor!”. Não bastará também ter 40 anos de frequência nas casas espíritas, se admitiu o uso de armas letais como solução para problemas sociais. Está gritante que há algo errado.

Talvez seja necessário entender que amor não justifica sangue derramado sob nenhuma hipótese! E incluir esta explicação nos conteúdos de estudos.

Pois se fora da caridade não há salvação, tampouco haverá caridade se não houver justiça social e igualdade entre os irmãos.

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2 respostas

  1. Devo confessar que há tempos tenho estado em uma situação muito desconfortável, triste mesmo. A Doutrina é tão simples e objetiva que não dá margem a interpretações particularistas. Principalmente quando ao “amar e respeitar os nossos semelhantes. Esta aberração não veio com Bolsonaro, apenas se acentuou. É a oportunidade aos espíritas para reflexões mais profundas sobre a teoria e a prática, sob pena de sermos os hipócritas dos atualidade.

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