BLOG

Sucessão de erros da PM acabou na morte de jovens e de pedreiro no Village Campestre

PM

A Polícia Civil de Alagoas vai prorrogar por mais 30 dias as investigações sobre as mortes dos irmãos Josenildo Ferreira Aleixo, Josivaldo Ferreira Aleixo e do pedreiro Reinaldo da Silva Ferreira, que não era parente das vítimas mas estava próximo ao local do crime e acabou morto.

Amanhã, pela manhã, os depoimentos dos policiais que participaram da abordagem aos jovens (que acabou na morte deles e também do pedreiro) vão servir para engrossar as conclusões da PC.

A delegada Teila Rocha Nogueira vai pedir a reconstituição do crime. O juiz Geraldo Amorim deve aceitar o pedido.

Mas, antes mesmo do fechamento do inquérito, existe uma coleção de erros. Encabeçada pelo Conselho Estadual de Segurança, passando pela Secretaria de Segurança Pública e chegando aos militares.

Erro do Conselho de Segurança: Um dos militares acusado na abordagem que matou as três pessoas baleou um estudante de Direito, durante outra abordagem, no dia 11 de janeiro. O estudante é Diego Arthur da Silva Freitas, 23, filho do major da PM, Paulo Eugênio. O tiro foi na barriga.

Apesar do pedido do pai do jovem, o Conselho não afastou o militar das funções.

Erro da Secretaria de Segurança Pública: Os militares que abordaram e mataram os jovens mais o pedreiro no Village Campestre não tinham armas não-letais. Uma delas: uma teaser, que dispara um choque paralisando a vítima.

Segundo apurou o blog com autoridades do caso, eis o que aconteceu no dia 25 de março- dia do crime:

– Um informante da PM denunciou que um dos jovens levava uma arma “soca tempero” em uma bolsa;

– A guarnição se dirigiu ao local para encontrar os dois (Batalhões da PM têm metas de apreensão de armas. A cobrança vem da Secretaria de Segurança Pública);

– Os PMs do 5º Batalhão chegaram ao local (a ação aconteceu no Village Campestre) e fizeram a abordagem. Testemunhas contam que os jovens apanharam dos militares enquanto eram revistados;

– Próximo ao local da abordagem havia um grupo, de cinco ou seis pessoas. Entra elas, o pedreiro Reinaldo da Silva Ferreira. Estavam há 30 metros da abordagem. O grupo conversava sobre futebol;

– “Cadê a arma, cadê a arma, porra”, teriam dito os policiais. “Estavam cientes que um deles estava com a arma por causa da informação repassada para a polícia”. Pegaram a bolsa de um dos jovens e jogou no chão;

– Um dos meninos – que era deficiente mental- entrou em desespero. E, agredido, revidou. Começou a bater em um dos policiais;

– O jovem deu um murro no policial. Um PM que estava na retaguarda sacou a arma. Atirou. A bala atingiu o pedreiro, que estava fora da cena do crime. Foi morto por engano. Mais um tiro. Atingiu o dedo do policial que brigava com o jovem. Depois, Josenildo Ferreira Aleixo e Josivaldo Ferreira Aleixo foram abatidos à bala;

– A arma que estaria com os dois não foi encontrada. Uma enfermeira diz ter visto, na bolsa dos jovens (quando eles foram atendidos no Hospital Geral do Estado) balas que seriam de uma arma;

– Está descartada a versão inicial, dos PMs, que houve troca de tiros. Nenhuma das testemunhas sustenta esta tese;

– Os militares foram afastados das funções por ordem do Conselho Estadual de Segurança. Um deles está com stress pós-traumático;

– Os familiares dos jovens também estão em desespero pelo desfecho do crime.

SOBRE O AUTOR

..