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Solidariedade configurada ao Padre Manoel Henrique

Quando a religião se transforma em instrumento de separação, geralmente pende os bastões para os lados do poder. E seu contrário, a vivência religiosa amorosa em integralidade, é força que descalça os religiosos, fazendo com que sintam o chão onde os filhos da dor padecem.

Roma e suas histórias passadas viram os erros cometidos pela igreja em episódios de sofrimento humano impostos em nome da prepotência religiosa e do hedonismo, daqueles que se arrogavam representantes divinais.

Toda a história da Europa guarda capítulos de subjugação humana com timbres religiosos, envolvendo punições e morte.

As Américas colonizadas receberam da aproximação religiosa a estaca no coração dos nativos; confundidos, ludibriados, sendo apresentados a um Deus que lhes tirava a felicidade presente e ofertava uma promessa futura, enquanto eles perdiam território de vida e cultura.

As marcas da religião no mundo são profundas cicatrizes na história humana. Salvo, os beneplácidos rostos dos que conseguiram ficar descalços, e estes foram poucos. Alguns exemplos nos falam da força do Amor verdadeiro na vivência pastoral.

Apesar de poucos, foram os filhos da humildade que salvaram a mística da religiosidade, salve Francisco de Assis, o despossuído jovem italiano que se ofereceu para carregar as marcas de Cristo nas mãos, e com seu amor conseguiu cobrir uma multidão de pecados da igreja tradicional romana.

Salve Madre Tereza, impedida pela igreja de descer até os párias, e desobediente foi a última luz para os que fechavam os olhos nas calçadas, de fome e doenças, entre elas a intolerância das castas.

Salve Dom Oscar Romero, bispo salvadorenho, assassinado por segurar a chama da fé na defesa dos pobres, rosto de luz na América Central!

Os mártires, os desapegados, os generosos, são a salvação das religiões perante seus impérios de força e poder.

Em Alagoas, temos a alegria de contar com a vivacidade da fé na pessoa do Padre Manoel Henrique, que ora se tornou perseguido pelos atrasados “cruzados” que embalam o ódio nos papéis da inexistente “ideologia de gênero” e usam a sanha contra o aborto para justificarem as adesões ao programa do “mal estar” eleito para purgar as dores morais do Brasil.

Nossa irrestrita solidariedade e respeito gigante por este padre que sempre soube ficar descalço e sentir o clamor do povo de Deus, entre os empobrecidos deste chão.

A sanha inquisidora não logrará macular sua representação de homem de fé, porque a história do Padre Manoel Henrique salva a igreja alagoana do tradicionalismo benzedor de máquinas e ufanistas poderosos; é um homem de amor.

O Papa Francisco presenteou  a igreja brasileira com a imagem do Cristo local, aquele que precisa de amparo e fortalecimento humanitário para lograr a superação da miséria, e recuperar o sentido espiritual da vida no mundo: o Cristo Sem Teto!

Quem não conseguiu ainda amar este Cristo, refaça os caminhos da fé!

O céu pede mãos amorosas nas ruas, atuando com gestos de acolhida! Pés que andem ao encontro do miserável, que é sempre resultado da concentração de renda em poucas mãos e materialismo grassante na mentalidade humana.

Em nome desse Cristo abandonado nas calçadas, que nossa fé se levante e caminhe de encontro ao necessitado, por Amor. Nestas linhas, Padre Manoel Henrique receba nosso abraço fraternal.

 

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