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Sobre a gang fardada, milícias e subversidade

Em Alagoas o termo milícia não é pop, mas a atual conjuntura permite costurar os pontos da nossa história na compreensão de que a “Gang Fardada” representou bem a força de destruição que uma milícia possui.

Ainda adolescente, nas idas e vindas a Maceió para estudar, por várias vezes vi o carro ser parado por policiais que chamavam o motorista para o lado de fora, conversavam um tantinho e depois liberavam para a continuidade da viagem. Ouvia comentários, alguns elogiando a ação de rostos marcantes ali presentes, que ao estourar o escândalo compunham a gang, cumpriram pena e permanecem na história silenciosa dos homens armados que aterrorizavam e barbarizavam.

O Norte alagoano é exímio silenciador de histórias assim!

As questões complexas do estado do Rio de Janeiro nos fazem perceber que nós tivemos também o conluio do Estado com milicianos por aqui. Tivemos? Ainda teremos?

Fato inquestionável, polícia se fez tema de melindre.

Agora neste dejavu de 1964, o país recebe formalmente a permissão para a morte via canos estatais, pagos e mantidos pelo suor de cada um de nós.

Como aceitar que o melindre seja maior do que a responsabilidade social de quem autoriza o Estado a matar?

Nós que acompanhamos os perfis psicológicos e tendências à culturas truculentas por parte de policiais, como não se preocupar, indignar e discordar deste plano fúnebre que o desacreditado Moro apresentou?

A tristeza de ser brasileiro neste momento é muito grande, mas o pulsar da humanidade no peito é ainda maior.

Solidariedade é um caminho de pacificação.

Ações societárias humanizadoras é uma possibilidade de salvamento ou esperança de reconstrução cidadã em defesa da vida, o bem maior.

Lamentamos que tenhamos chegado a este estado de conviviologia da força bruta consentida. Mas reforçamos a urgência de cantar mais alto, alcançar as árias da intangibilidade para não desistir agora.

E repetir que não, ainda não será agora que desistiremos de ser gente.

 

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