Só discutir não basta

Falar sobre o tema segurança pública virou moda no Brasil, principalmente depois de acontecimentos trágicos, como o de Realengo, em 2011, ou o relembrado caso Eloá, cujo julgamento do assassinato ocorreu na semana passada

Edson Luiz-Correio Braziliense

Na terça-feira passada, quando o Senado já estava  praticamente encerrando os trabalhos antes do recesso do carnaval, o  líder do PT na Casa, Walter Pinheiro (PT), prometeu que um tema será  prioridade nos próximos dias no Legislativo: a segurança pública. O  parlamentar fez a declaração na semana seguinte ao anúncio dos cortes no  Orçamento, feito pelo ministro do Planejamento, Guido Mantega. O  Ministério da Justiça, que cuida do setor, antes teria R$ 5,3 bilhões  para usar no combate ao fim da violência e reequipar as forças  policiais, entre outras coisas, ficou agora com R$ 3,1 bilhões.

Falar  sobre o tema segurança pública virou moda no Brasil, principalmente  depois de acontecimentos trágicos, como o de Realengo, em 2011, ou o  relembrado caso Eloá, cujo julgamento do assassinato ocorreu na semana  passada. Parlamentares vão às tribunas discursar sobre como evitar o  aumento da violência, os governadores e prefeitos prometem mundos e  fundos, e a população vai às ruas com seus cartazes de cartolina pedindo  o que nunca chega: melhoria na segurança.

Mas, com exceção dos  protestos da população, que faz seu papel de cobrar sempre, nada  acontece, a não ser intermináveis reuniões de comissões no Congresso, ou  medidas paliativas que respondem ao clamor somente naquele momento. O  líder do PT deve ter boas intenções ao propor priorizar o debate em  torno da segurança pública, mas o partido parece não ajudar muito ao  fazer cortes em uma área bem delicada como essa. Tirar R$ 2,2 bilhões do  orçamento do Ministério da Justiça representa também cortar gastos com  segurança pública.

Agora, fica nas mãos do Ministério da Justiça  rever os gastos e evitar cortar o máximo possível na área de segurança  pública, principalmente nos investimentos nos estados e na Polícia  Federal. Que isso é inevitável todos sabem, mas será preciso administrar  onde será feito para não vivermos sempre de ações paliativas depois das  tragédias. E rezar para que elas não ocorram tantas vezes como  ocorreram nos últimos anos. E que a população continue cobrando  segurança com cartazes de cartolina no meio das ruas.

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