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Semana da pátria é lembrança do chicote com sorriso no rosto

Para um Governo que caça jornalistas não-gratos nas redações (explícita política da Secretaria de Comunicação, sem rodeios), a semana da pátria parece cair muito bem, principalmente na era Jair Bolsonaro que se apropriou dos símbolos nacionais transformando-os em estandartes dum tempo de penúria, violência (simbólica e física), avacalhação da Constituição Federal e outros horrores que este guarda-chuva de maus agouros consegue tocar em sua sombra.

Uma escola municipal do interior de Alagoas ensaia o desfile de 7 de setembro. As crianças carregam bandeiras do Brasil; a mais bonita (branca) está vestida de rei; a princesa linda (branca) é a menina. Cantam, em coro, “eu te amo meu Brasil, eu te amo”- “hino” da ditadura militar, ouro de tolo do ufanismo estatal reavivado para aquelas crianças ainda não apresentadas ao regime do “herói” Ustra.

O falso patriotismo guia aquelas crianças pobres, que já comeram apenas pipoca na merenda, apeadas por professoras que há seis anos estão sem aumento nos salários. Nem a correção da inflação.

Mas o comércio quer seguir a onda bolsonarista e sua semana da pátria. Motivos verde-amarelo aparecem em camisas, calças, penduricalhos.

Até a tristeza das pessoas é objeto de manipulação por Bolsonaro. Como os jornalistas obrigados a “falarem bem” do presidente para manterem seus empregos, todos devem se alegrar diante da bandeira brasileira, ainda que se desconheça a história e os atuais motivos para sorrisos em tons amarelos. “Seu rei mandou dizer que ..”.

Agindo como um capataz na vida pública, Bolsonaro quer ser também o dono das emoções dos brasileiros. Porque ele ama tanto o Brasil que dói.

Dor no lombo do cidadão que chora de felicidade entre risos confusos de agonia…

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