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Renan pede prisão de Wajngarten; bolsonaristas forçam denúncias contra Renan Filho

Presidente do Senado, senador Renan Calheiros (PMDB-AL) concede entrevista. Foto: Jonas Pereira/Agência Senado

24 horas antes da visita de Jair Bolsonaro a Maceió, os ânimos se acirram em Brasília e em Alagoas. O Palácio República dos Palmares, sede do Governo alagoano, espera que Bolsonaro venha com sangue nos olhos para atacar o senador Renan Calheiros e o governador Renan Filho, ambos do MDB, em palanque armado pelos bolsonaristas, com denúncias de corrupção na gestão dos recursos federais para a pandemia.

São denúncias que circulam em dossiê desde a semana passada.

Na CPI da Covid, o depoimento de Fabio Wajngarten, ex-chefe da comunicação do Governo, teve bate-boca, ameaça de prisão e até a presença da deputada bolsonarista Carla Zambelli, provocando o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB), que pediu a prisão do ex-chefe de comunicação.

Em Alagoas, o deputado Davi Maia (DEM), um dos integrantes da tropa de choque do bolsonarismo, acusou o governador Renan Filho (MDB) de usar recursos federais para a compra de respiradores via Consórcio Nordeste. Os equipamentos não chegaram e Alagoas busca, na Justiça, reaver o dinheiro pago adiantado.

Segundo Davi Maia, a Controladoria Geral da União (CGU) “foi enganada” por Renan Filho. A prova, segundo o parlamentar, é que os recursos usados para a compra dos respiradores vieram das parcelas da dívida pública, que deveriam ser repassadas à União. Uma liminar do ministro do STF, Alexandre de Moraes, suspendeu o pagamento das parcelas dos estados para os cofres federais, com a condição de que este dinheiro seja usado para ações na pandemia.

A CGU, explicou o deputado, “só analisou a transferência bancária”.

Para o líder do Governo na Assembleia, Sílvio Camelo (PV), Davi Maia viaja a Brasília na tentativa de trazer a qualquer custo as investigações da comissão ao Governo alagoano. O que seria uma forma de descobrir possíveis ilícitos e questionar a relatoria de Renan Calheiros, pai do governador, na comissão de inquérito.

“A meia verdade só atrapalha, deputado, só faz com que as informações não cheguem corretamente. Então, deputado, não gaste seu tempo indo a Brasília tentando forçar que Alagoas seja investigada de toda a forma”.

Na pandemia, o Consórcio Nordeste negociou a compra de 300 respiradores pulmonares. 30 seriam entregues a Alagoas. Os equipamentos nunca chegaram. A mesma coisa aconteceu com os outros estados da região.

Alagoas e outros estados entraram com uma ação na Justiça baiana para a devolução do dinheiro com juros e correções monetárias.

Segundo Renan Filho, os respiradores foram comprados com dinheiro próprio, ou seja, dos cofres alagoanos.

Ele espera a devolução de R$ 4,4 milhões da transação.

As investigações apuram suposta prática de estelionato, dispensa de licitação sem observar formalidades legais e lavagem de dinheiro.

A Justiça da Bahia determinou a quebra do sigilo bancário e fiscal da HempCare. A empresa teve bloqueio dos valores usados para a compra dos respiradores, além de pedidos à Unidade de Inteligência Financeira (antigo Coaf) para que se identifique a movimentação financeira dos réus na ação, que corre em segredo.

A CPI da Covid investiga o dinheiro repassado aos estados pelo Governo Federal durante a pandemia. Mas, segundo ficou definido pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), isso não abrange o uso deste dinheiro nos estados.

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