Quando funcionários e professores das universidades públicas entravam em greve, cobrando melhorias nas condições de trabalho mais salários, alguns professores e pesquisadores arrumavam as malas para um “passeio” na Europa.
Existem seleções para mestrado e doutorado onde um dos critérios para os alunos é que eles escrevam artigos em homenagem a seus futuros orientadores.
Quem se submete “ganha” a vaga.
Outro critério (subjetivo): o aluno ser pupilo de um dos professores. Não interessa a capacidade de elaboração intelectual. E, sim, a bajulação.
Na UFAL, por exemplo: existem casos em que, no concurso público, uma das “provas” era que o professor, para ser nomeado para o campus Maceió, tinha de ter “sotaque de fora”.
E se fosse alagoano? Era aceito somente no interior.
Vi um mestrado “dado de graça” a professores de um curso. Aulas somente uma vez por semana, um horário, apostilas bem mastigadinhas. Presente para poucos privilegiados.
Era só ter frequência. E os outros critérios? Besteira!
A professora só aceitava orientar aluno para o mestrado se ele “não trabalhasse”.
Qual parte do mundo que uma pessoa nestas condições tão especialíssimas vive?
E aquele professor aprovava a aluna, mesmo que ela acumulasse baixíssimas notas porque ela era “da bancada” de um telejornal local?
Ou a noitada de amores do aluno com o professor em troca de uma aprovação na disciplina?
O professor-pesquisador passava meses fora, viajando. Quando voltava, dizia que estava se recuperando da morte da mãe.
Mesma desculpa ele usava todos os anos. “Matava” a mãe todos os anos.
Estes professores e pesquisadores não vão para as ruas; não se mobilizam pelos cortes tendo como alvo a ciência brasileira; não tem interesse se o aluno está com a bolsa de pesquisas atrasada; mostram os bíceps, os crushes ou integram a central de fakenews da era Bolsonaro, nas redes sociais.
Ajudam a desqualificar a luta – justa- do conhecimento contra o obscurantismo.
Merecemos tempos melhores. Também merecemos profissionais melhores.
Não é possível esperar este tipo de gente para um grito de socorro diante da pressão de uma nova idade das trevas.
Também não é possível canalizar a indignação apenas através de cartas, memorandos, notas de repúdio.
Onde estão os pesquisadores e professores universitários ao lado de quem deseja um Brasil menos injusto?
Ou o tempo é apenas dos canalhas de cátedra?
Uma resposta
Pegou pesado!