Quando a fome também afasta os alagoanos da sala de aula

A fome é uma das responsáveis pela evasão escolar nas salas de aula alagoanas.

Isso quer dizer que os mais pobres ficam pelo caminho na educação básica. Também significa que apenas a merenda escolar não abraça todas as necessidades dos alunos. É preciso um programa mais amplo, do governo, para atender esta faixa da população (3 em cada 10 pessoas, maior percentual do Brasil) sob o fantasma da insegurança alimentar.

Estudo da Firjan aponta que, se 90% dos jovens conseguissem concluir o ensino médio até os 24 anos, o Brasil pouparia R$ 135 bilhões por ano. Hoje, 40% dos brasileiros conseguem superar essa etapa dos estudos.

São muitos os motivos. Mas é certo que, em Alagoas, um deles é a fome.

Menos tempo na escola significa menor expectativa de vida, mais problemas de saúde, mais mortes evitáveis, empregos de baixíssima qualificação.

Sem base sólida de educação, não é possível atender às exigências cada vez maiores do mundo do trabalho. O PIB (soma das riquezas durante 1 ano) avança menos.

A concentração de renda continua maior, gerações são perdidas com problemas no corpo e na alma, causados pela fome.

Exigir que pessoas sem preparação adequada disputem, em igualdade de condições, etapas escolares dos alunos melhor alimentados é covardia. Chamar os destroçados pela fome de preguiçosos é desumanidade.

Hora da fome pautar o orçamento alagoano. Ela é bem mais importante que as pautas morais, aquelas que os defensores das famílias (bem alimentadas) levam adiante para esconder nossos reais problemas.

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