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Falsa ideologia abafa grito social de pescadores e professores

Jamais se deve dizer que pior do que está, não pode ficar, pois nossa terra mostra que sempre é possível piorar.
O retrocesso que a contemporaneidade registra, deve servir para revermos todos, as posturas adotadas, construindo guetos, distantes, bem distantes das causas coletivas.

A sociedade civil organizada, sonho gramsciano hoje descaracterizado em Alagoas por interesses particulares de suas próprias cúpulas, está cada vez mais inexpressiva, tornada massa de manobra quando oportuno ao poder, em troca de migalhas.
Pequeno teto de status quo sendo concedido a algumas lideranças, tem sido suficiente para desvirtuar as lutas.

Qualquer estudioso da sociedade, mesmo iniciante, sabe que a força hegemônica segura seus pilares acima de qualquer diferença opinativa, pois aprendeu que o corporativismo intraorgânico salvaria a todos, por essa razão os grandes inimigos de palanque juntam-se em eventos sociais, bebericando o mesmo copo.

Assim não costumam agir os que defendem causas sociais. Mais parecidos com ilhas, disputam o ralo status de ser liderança, enfraquecendo cada qual com sua plenária particular.

Criada a lacuna foram fortalecidos os ortodoxos donos do poder, que logo entoaram seu canto, convencendo, aliciando, arrebanhando. Chegamos aqui, a contemplar cenas chocantes como a destruição da Vila dos Pescadores em troca de um projeto de elite, deixando os moradores alojados em colchões finos, com o destino de posarem felizes para as fotos que o poder consegue publicar.

Estamos aqui acompanhando cenas como a de hoje na Câmara de Vereadores de Maceió, onde cartazes apregoavam um combate a uma ideologia fake, com bravatas tradicionais em defesa da família. Sim, estamos quase expectadores de uma pseudo-realidade, onde o pensamento deve servir aos interesses mesquinhos de uma elite de parca leitura e muita ambição.

Impossível desconsiderar o comodismo de alguns movimentos sociais na linha de uma década, quando o sentimento de pertença a uma nova casta foi capaz de iludir, imobilizar e desvirtuar propostas originalmente salutares.

Constatada a perda de oportunidades históricas no campo da mentalidade e ocupação de espaços políticos com ensejo de libertação, reavaliemos, pois a esperança ainda não morreu.

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