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Professores bolsonarianos partilham colheita maldita

Não adiantou fazer longas explicações conceituais sobre os inúmeros motivos para ter erguido a bandeira do #Elenão nos dias acirrados do período eleitoral.

A primeira pessoa com quem desfiz amizade no facebook foi com uma colega professora.

A face relacional tisnou agressivamente quando insisti na incoerência de uma professora (de História!) assumir votar em Bolsonaro.

Tinha ódio gratuito ao PT, que por sinal, havia contribuído para muitas formas de melhoramentos em sua própria história pessoal com políticas de valorização do trabalho docente.

Como estratégia de manutenção da saúde mental, optei por encerrar convívio virtual com eleitores de Bolsonaro, haja vista o teor desumano e eivado de ignorância no material reproduzido, no qual se inclua fake news.

Assim seguiu a linha de um tempo velho, escurecendo o horizonte das formas para barrar o progresso (inevitável) de uma sociedade gigante, mas analfabetizada, alienada do tino identitário, sem pertença amorosa à própria historiografia, o nosso Brasil.

Como ser social e interativo, mantive e mantenho relações formais até mesmo com os mais aguerridos defensores do fascismo cruel e assassino, mas recuso envolvimentos aproximados. Por essa razão, também exclui outros professores da virtualidade diária, porque entre eles, houve até quem acusasse o PT de criar o kit gay, coisa imperdoável!

Qualquer outro alienado pode acreditar em distribuição de kit gay nas escolas, menos professor! Pois ele é a testemunha viva de que isso nunca existiu! No entanto, pelos efeitos delirantes da fé cega estes casos ocorreram, e muitos deles afirmaram acreditar na existência do tal kit que ensinava crianças a se tornarem homossexuais.

Volto o olhar aos sindicatos com os quais convivi e é impossível não creditar às suas práticas pseudo-politizadas um naco de responsabilidade neste processo mal costurado de luta. A redução da formação, o controle do debate nas raias da manutenção dos grupelhos, o escasso conteúdo político das próprias lideranças, em maioria formadas discursivamente, na repetição oral de frases assertivas, longe das leituras e do exercício democrático.

Enfim, estamos contemplando agora a cascata de perdas! Sim, nós avisamos, mas não adiantou.

Era preciso sentir o sabor do fel para reconhecer o mel, a diferença de ter a liberdade de lutar para conquistar; perceber o valor conferido à manutenção das conquistas históricas que a classe conhece de ouvi dizer mas acostumou a ter os efeitos na ficha funcional como se tivessem caído do alto. Foi preciso este tombo em forma de hecatombe para ensinar nossos professores bolsonarianos o valor da luta de classe, de categorias, de cidadania!

Não é um hino de glória, pois sobre estes escombros o vencedor é o ultraliberalismo maquiado com espessas camadas de fascismo e fundamentalismo.

Mas a perda dos direitos é partilhada entre todos nós! Militantes e bolsonarianos perderam juntos, e quiçá os responsáveis pelo reverso das conquistas aprendam a fazer leituras condignas da representação que precisam lutar para manter, pois até mesmo esta entrou na moenda do governo desditoso.

Quem é o professor para o Brasil de agora?

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