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Prêmio das Artes de Bolsonaro imita decreto que criou o DIP, no Estado Novo de Vargas

LAURA1 BSB 05 06 2018 CAMARA/LAURA CARNEIRO 05/06/2018 - O pre candidato a presidencia da Republica, Jair Bolsonaro no plenario da Camara dos Deputados A Camara dos Deputados aprovou nesta terca feira, em votacao simbolica no plenario, projeto que pro’be qualquer tipo de casamento infantil no Brasil. A proposta, que seguiu para o Senado, preve acabar com a permissao que existia em alguns casos para jovens menores de 16 anos se casarem. O projeto altera artigo do Codigo Civil para estabelecer que nao sera permitido, em qualquer caso, o casamento de quem nao atingiu a idade nœbil , ou seja, 16 anos. Se aprovado pelo senadores e sancionado, so sera possivel casar no Brasil a partir de 16 anos, desde que com autoriza‹o dos pais, ou livremente a partir de 18 anos. FOTO: DIDA SAMPAIO/ ESTADAO

Há 81 anos, era publicado o decreto-lei número 1915, de 27 de dezembro de 1939, criando o Departamento de Imprensa e Propaganda, o DIP.

Editado dois anos após o golpe de Getúlio Vargas, erguendo o Estado Novo, o DIP tinha objetivos de controlar toda informação e conteúdo artístico que circulava no Brasil, tanto entre os brasileiros como o que se exportava sobre o país para o estrangeiro.

Proibia até a entrada “de publicações estrangeiras nocivas aos interesses brasileiros, e interditar, dentro do território nacional, a edição de quaisquer publicações que ofendam ou prejudiquem o crédito do país e suas instituições ou a moral”.

A “moral” citada pelo decreto era aquela que exaltava Getúlio. O que ofendia ou não agradava ao líder brasileiro era censurado.

O decreto falava em se incentivar “uma arte e uma literatura genuinamente brasileiras, podendo, para isso, estabelecer e conceder prêmios”.

É desta época (1939) o chamado samba-exaltação de Ary Barroso, Aquarela do Brasil, e sua “terra do Nosso Senhor”, deixando de lado os problemas sociais.

O DIP abria oportunidades para as “manifestações cívicas” e “festas populares com intuito patriótico, educativo” sobre as atividades do Governo Vargas ou do próprio presidente.

Quem seguisse essa linha ganharia brindes. Pelo decreto, o Governo se comprometia a reduzir e até isentar a cobrança de impostos federais para filmes educativos ou propaganda. Prometia mais: “conceder, para os referidos filmes outras vantagens que estiverem em sua alçada”.

Neste período, revistas infantis desenhavam Vargas ao lado das crianças, sempre como um ídolo, um mito.

Prêmio das Artes

A semelhança entre o decreto de Vargas e o Prêmio das Artes, lançado pelo ex-secretário de Cultura, Roberto Alvim, é assustadora.

Tanto que o advogado gaúcho Pedro Henrique Koeche Cunha – sem falar do decreto que criou o DIP varguista- protocolou uma ação popular pedindo a anulação do prêmio.

Para ele, o prêmio é direcionado ao conceito de arte de Bolsonaro.

Como Vargas quis para seu decreto. Como Goebbels – contemporâneo do ditador brasileiro- quis na Alemanha de Hitler.

Abriu-se a cortina do passado.

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