Por que El Niño preocupa autoridades e como afeta Alagoas?

Marcelo Ribeiro, superintendente da Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Semarh). Foto: Reprodução/Youtube.

As mudanças climáticas já movimentam Governo do Estado com objetivo de mitigar consequências socioambientais de fenômenos climáticos extremos. Elas já são evidentes e afetam a população de formas, muitas vezes, irreversíveis.

Após as fortes chuvas registradas nos últimos dias, a bola da vez é o El Niño, evento que afeta o clima mundial de maneira contundente. Em Alagoas, o risco de secas extremas e excepcionais já mobilizam autoridades para intensificação de períodos de estiagem.

Marcelo Ribeiro, superintendente da Semarh (Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos) informou ao Repórter Nordeste que já existem articulações no Governo. O intuito é se preparar e promover adaptabilidade.

“O pessoal da Superintendência de Prevenção em Desastres Naturais está debruçado sobre este tema e em breve realizaremos um evento, provavelmente na sede da AMA (Associação dos Municípios Alagoanos), para debater a questão”, afirmou.

Ribeiro explica as possíveis consequências do El Niño para o Nordeste:

– escassez de chuvas;
– recrudescimento das estiagens prolongadas;
– insegurança hídrica;
– quebra de safras agrícolas;
– êxodo rural;
– aumento das desigualdades regionais;
– potencialização do fenômeno da desertificação no semiárido;

“Estamos nos articulando com o MMA (Ministério do Meio Ambiente) para a atualização do Plano de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos das Secas, visando justamente ações que possam mitigar e inibir as consequências das Mudanças Climáticas, que são potencializadas pelo El NIño. Da mesma forma, em breve iremos encaminhar para o governador Paulo Dantas a minuta de Lei da Política Estadual de Mudanças Climáticas e iniciar o processo de criação do Plano de Ação Climática Estadual.”, disse.

O ministro de Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, demonstrou preocupação, durante coletiva de imprensa realizada na última terça-feira (11), com a previsão de que o fenômeno meteorológico pode gerar eventos extremos no Brasil.

“São duas frentes: uma de ajuda, de resposta (…) e outra de nós criarmos mitigação, resiliência e adaptabilidade, porque não vão diminuir os eventos. (…) Vamos nos preparar, por que o El Niño promete. Promete aumentar muito a estiagem no Nordeste brasileiro, queimadas na Amazônia e aumentar índices de chuvas no Sul do Brasil. Isso significa que nós vamos conviver com mais intensidade, com mais frequência, com eventos extremos”, esclareceu o ministro.

O El Niño consiste no aquecimento das águas do Pacífico na região da Linha do Equador, com mudança na circulação de ventos e a distribuição de chuvas em todo o planeta.

Durante a influência do fenômeno, a temperatura das águas chega a subir 0,5º C entre seis meses a dois anos. Um dos efeitos que pode causar no Brasil é elevar o risco de seca no Norte e Nordeste e de grandes volumes de chuva no Sul.

Em maio deste ano, a Organização Meteorológica Mundial (OMN) já havia indicado que o El Niño teria início até o fim de setembro. A emergência do fenômeno, constatada com antecedência, permite que se antecipe às mudanças e impactos.

Apesar de o El Niño ter uma origem natural e não estar relacionado ao aquecimento global, causado pelas atividades humanas, ele pode contribuir para o aumento das temperaturas no planeta.

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