Por Letícia,por nossas vidas, politize-se

Não poderemos jogar para baixo do tapete as graves situações envolvendo mulheres e violências letais em nosso país.

Letícia tinha 26 anos, um casamento de 8 e um filho de 3. Era funcionária do Ministério da Educação, em Brasília. Poderia ter tido muitos anos de vida pela frente, mas o instinto sexual assassino, de um homem, atravessou seu caminho, quando precisava chegar ao trabalho e tentou pegar um transporte dito ilegal para tirar o atraso.

Jovem e bonita, se encaixava nos padrões usados para alimentar os fetiches patológicos da investida machista, à qual a mulher não sai incólume; pois se aceitar ou não, se torna vítima de violência.

O momento político brasileiro infestado pelo discurso tóxico do presidente e seus asseclas, conseguiu insuflar o machismo e a misoginia como base truculenta da relação homem/mulher, mesmo que se trate de pessoas desconhecidas; o brutamontes ruge dentro do macho assassino, que agora sente que há representação e senso de legitimidade dos processos de violação do corpo da mulher.

Sexista, machista, misógino, entre outras mazelas, Bolsonaro foi desprezado por grande parte do eleitorado feminino brasileiro, que criou o estigma #Elenão, como expressão de rejeição política a tudo que ele representa pessoalmente.

É sabido que um líder pode influenciar sobejamente um tipo de conduta, tornando-a comum, banal, mesmo que se trate de uma violência letal. E Bolsonaro sempre relativizou e brincou com a palavra “estupro”, que a todas nós mulheres, muito assusta.

O estupro é tão aproximado da morte, que nos causa horror só de pensar. Mas é preciso pensar, falar, expressar, ir às ruas e segurar cartazes condenando a violência contra nós mulheres, nossos corpos, nossas vidas, que são também causas políticas!

Se o medo nos impedir de lutar, quem fará a nossa defesa?

Por Letícia e por cada mulher que nasce, cresce e vive neste chão, politize sua prática e seu discurso, engrosse o cordão por nossas vidas!

Nenhuma a menos!