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Polícia ignora manual de investigação do MJ, no caso Kleber Malaquias

Manual sobre Investigação Criminal de Homicídios elaborado pelo Ministério da Justiça diz que “um assassinato é sempre o resultado de uma complexa cadeia de eventos, relações, motivações e contextos”

Por isso, diz o Manual, “a apuração desse tipo de crime parece adquirir peculiaridades não existentes em outros tipos de investigação criminal”.

As investigações do assassinato do empresário Kleber Malaquias mostram que, se fosse um outro caso, a Polícia Civil de Alagoas não estaria nem tão constrangida nem tão pouco entusiasmada em descobrir os autores materiais e intelectuais.

Malaquias foi morto em 15 de julho de 2020, em Rio Largo. Câmeras de segurança mostraram os detalhes do crime, incluindo a movimentação dos assassinos. Nove meses depois, três pessoas foram presas, suspeitas neste crime. No dia 22 de abril, a PC teve uma conclusão brilhante: “foi um crime de mando e existe mandante”.

Os dicionários registram o significado da palavra sicário: alguém que é contratado para matar outra pessoa ou pessoas. Como a policia civil conseguiu identificar os sicários, ou seja, os contratados para executar o empresário Kleber Malaquias, sem conseguir identificar quem os contratou? Não parece ilógico e pouco crível que isso tem ocorrido?

Na coletiva para apresentar os detalhes deste crime, foi omitida a cadeia de eventos, não apontando as relações entre o(os) mandante(s), os sicários e o(s) intermediário(s). Também não revelaram o contexto da trama criminosa que resultou no homicídio do empresário.

Por que? É excesso de cautela? É pressão?

O que se espera de uma boa investigação criminal de um homicídio é que a polícia, utilizando habilidosamente técnicas e ferramentas, combine elementos objetivos e subjetivos, reconstitua as circunstâncias e os contextos relacionais que ensejou a morte de uma pessoa.

Quando isso ocorreu no caso Kleber Malaquias? Quando vai ocorrer?

Quem pagou pela morte do empresário? E por que os investigadores ainda não descobriram o rastro do dinheiro?

Ou será que pela primeira vez a Polícia Civil de Alagoas descobriu que existe o crime perfeito?

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