Nos pés, uma sandália de couro misturada a poeira do chão duro, rachados pela seca.
A pele suja do barro vermelho, o sol queimando sua pele empoeirada…
O silêncio quebrado pelo som de suas pisadas…
Era só ela e suas pegadas….
Os galhos das árvores sacudidos…
Alguns abutres remexiam o lixo…
Bichos na mata…
A brisa de um vento quente…
Seus olhos moídos…
E ela seguia…
Seguia!
O som de suas pisadas firmes…
Ela continuava…
O suor escorria por sua pele, marcava suas roupas, sangrava suas coxas…
E ela…
Continuava… Firme seguia.
O sol, o barro, a pele salgada.
As rudezas da vida.
Muitas vezes não era bem entendida…
E ela seguia…
Seguia.
Tinha que continuar…
Seus passos a guiavam…
Suada, cansada…
Parava no meio do caminho.
Olhava ao redor…
Sozinha.
Não!
Tinha a si: a luz do sol.
Os batimentos de seu coração, o suor colando.
Abria a garrafa, lavava o rosto…
Abria a bolsa.
Um batom, um espelho…
Retoques…
Ainda sustentava uma beleza simbolica de sua natureza.
Seguia…
As costas pesavam…
Na bolsa cheia…
Livros, revistas, jornais.
Alguns sonhos…
Borboletas pousavam sobre seu braço…
Arrancado sorrisos…
Ela seguia…
” ‘Fessora’, a senhora tá linda com esse batom vermelho!”
Ao som dessa frase os olhos marejaram e sorriu.
Suas dores, suas coxas sujas de sangue, suas dores nas costas, seus pés calejados…
Já não mais eram sentidos.
Seu sonho era o bálsamo, combustível para seguir.
Madame Beauvoir