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Planalto pressiona bolsonaristas por provas contra Renan Filho e desmoralização de Calheiros

Os bolsonaristas em Alagoas traçam estratégias para colocar o governador Renan Filho (MDB) no centro da CPI da Covid em Brasília. Objetivo é desestabilizar e desmoralizar ao vivo tanto o relator da comissão, o senador Renan Calheiros (MDB), quanto as investigações.

Ao mesmo tempo, eles são incentivados pelo Palácio do Planalto a protestarem, nas ruas, contra a CPI, saírem em defesa de Bolsonaro, pedir o fechamento do STF e pressionar por golpe de Estado. Protestos são agendados em frente ao apartamento do senador, em Maceió.

O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) protocolou pedido para ouvir o deputado estadual Davi Maia (DEM), da oposição a Renan Filho.

A ideia é que Maia possa fazer barulho na comissão, com citações aos Calheiros, mostrando que a gestão estadual da verba federal para a pandemia é desorganizada e sem transparência.

Maia também municia o senador Rodrigo Cunha (PSDB), que tenta descobrir o destino do dinheiro usado para a compra de respiradores, via Consórcio Nordeste, para todos os estados da região, incluindo Alagoas.

Porém, Davi Maia não tem provas que possam comprometer ou acusar o governador de corrupção.

E este é o desejo do presidente Jair Bolsonaro: escavar possíveis ilícitos contra Renan Filho.

Ontem, na live que faz todas as quintas-feiras, ele atacou diretamente Renan Calheiros e Renan Filho, sem citar os dois.

“Um lá disse: quais dessas frases matou mais gente no Brasil? Aí falou…tá, tá, tá… Sabe qual seria minha resposta? Ô, prezado e excelentíssimo senador [referindo-se ao senador Renan Calheiros (MDB), relatou da CPI]: frase não mata ninguém, mas desvio de recursos, sim, que seu estado desviou. Então, vamos investigar o teu filho que nós vamos resolver esse problema”, disse.

Renan Calheiros reagiu, ainda na cadeira de relator, durante os trabalhos da CPI:

“Eu queria, com a permissão dos senhores, com todo o respeito ao presidente, [dizer] que o que mata é a pandemia, pela inação, inépcia, que eu torço não seja ele. Não queremos fulanizar isto aqui. Quanto ao Estado de Alagoas, ele não gaste seu tempo ociosamente como tem gasto enquanto os brasileiros continuam morrendo. Aqui, se houver necessidade, todos sem exceção serão investigados”.

Respiradores

A O Globo, Renan Filho falou sobre as negociações para a aquisição de 30 respiradores da HempCare, empresa contratada pelo Consórcio Nordeste na pandemia.

Segundo ele, os respiradores foram comprados com dinheiro próprio, ou seja, dos cofres alagoanos. Disse ainda que Alagoas, assim como os outros estados nordestinos, entraram na Justiça para reaver o dinheiro pago antecipadamente para os respiradores que nunca chegaram.

Ele espera a devolução de R$ 4,4 milhões da transação.

As investigações apuram suposta prática de estelionato, dispensa de licitação sem observar formalidades legais e lavagem de dinheiro.

A Justiça da Bahia determinou a quebra do sigilo bancário e fiscal da HempCare. A empresa teve bloqueio dos valores usados para a compra dos respiradores, além de pedidos à Unidade de Inteligência Financeira (antigo Coaf) para que se identifique a movimentação financeira dos réus na ação, que corre em segredo.

Por indicação de Rodrigo Cunha, Eduardo Girão protocolou a convocação do secretário Executivo do Consórcio Nordeste, Carlos Eduardo Gabas. Cunha quer saber para onde foi o dinheiro, quantos respiradores foram entregues aos estados- incluindo Alagoas- e quais providências foram adotadas.

“Neste momento de pandemia e de crise, muitos se aproveitaram para praticar atos de corrupção em nome do falso combate à Covid-19”, disse o senador tucano.

Ano passado e via Consórcio Nordeste, Alagoas pagou R$ 4.488.750 milhões antecipadamente pelos equipamentos, mas eles nunca foram entregues. O pagamento foi feito em 8 de abril e a promessa era a entrega de dois lotes:  o primeiro no dia 18 e o segundo, 23 de abril, ambos em 2020.

Segundo o Governo de Alagoas, a empresa começou a justificar que o atraso existiu por faltar aprovação dos respiradores pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O Consórcio Nordeste fez compra de 300 ventiladores pulmonares, que seriam distribuídos assim: a Bahia receberia  60; Ceará, 30; Sergipe, 30; Piauí, 30; Maranhão, 30; Rio Grande do Norte, 30; Pernambuco, 30; Alagoas, 30; e, Paraíba, 30, totalizando R$ 48.748.572,82.

Alagoas e outros estados entraram com uma ação na Justiça baiana para a devolução do dinheiro com juros e correções monetárias.

A CPI da Covid investiga o dinheiro repassado aos estados pelo Governo Federal durante a pandemia. Mas, segundo ficou definido pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), isso não abrange o uso deste dinheiro nos estados.

Um dos integrantes da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede), reforçou que são alvos da CPI os repasses de dinheiro federal aos estados e os critérios deste repasse. Disse ainda que existe relatório do Tribunal de Contas apontando que existem municípios brasileiros que receberam repasse a menor, via União, para ações contra a pandemia.

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