Pesquisa: novo antibiótico pode tratar infecções resistentes

Terra

Um novo tipo de antibiótico pode, efetivamente, tratar infecções resistentes a antibióticos ao desarmar – em vez de matar – bactérias que as causam. Os pesquisadores relatam a descoberta na edição desta terça-feira do mBio®, jornal online de livre acesso da Sociedade Americana de Microbiologia.

“Tradicionalmente, as pessoas têm tentado encontrar antibióticos que matam bactérias rapidamente. Mas nós encontramos uma nova classe de antibióticos que não são capazes de matar o Acinetobacter (gênero da bactéria), mas que pode proteger, não matando-o, mas impedindo que ele se transforme em uma inflamação”, afirma o pesquisador Brad Spellberg, do Centro Médico da Escola de Medicina David Geffen da UCLA.

Novas drogas são extremamente necessárias para o tratamento de infecções com a bactéria Acinetobacter baumannii, um patógeno que, comumente, atinge pacientes de hospitais e pessoas com a imunidade comprometida, por meio de feridas abertas, respiração por tubos ou cateteres. A bactéria pode causar infecções na corrente sanguínea potencialmente letais. Cepas da Acinetobacter baumannii adquiriram resistência para uma ampla gama de antibióticos, e algumas são resistentes a todos os antibióticos aprovados pelo FDA, agência americana reguladora dos medicamentos e alimentos, o que as faz intratáveis.

Spellberg e seus colegas descobriram que, em ratos de laboratório, é possível mitigar os efeitos potencialmente letais da bactéria bloqueando um de seus produtos tóxicos. “Nós descobrimos que as cepas que causaram as infecções letais derramavam lipopolissacarídeo (também chamado LPS ou endotoxina) enquanto cresciam. Quanto mais endotoxina derramada, mais virulenta a cepa era”, diz o pesquisador. Isso identificou o novo alvo da terapia: a endotoxina espalhada por essas bactérias.

Bloqueando a síntese da endotoxina com uma pequena molécula chamada LpxC-1, foi possível prevenir que ratos infectados ficassem doentes. A molécula não mata as bactérias, só desliga a produção de endotoxina e impede o organismo de montar uma resposta imune inflamatória. Spellberg afirma que essa é uma direção que poucos pesquisadores tomaram ao explorar formas de tratar infecções, mas que pode fazer diferença na busca de uma droga eficaz.

Liise-anne Pirofski, da Faculdade de Medicina Albert Einstein e revisora do estudo para o mBio®, disse que neutralizar fatores de virulência está se mostrando bastante promissor como uma rota alternativa para o tratamento de infecções. “Há um movimento crescente nessa área para controlar a resposta à inflamação em vez de simplesmente ‘assassinar’ o organismo”, diz. “Essa é uma validação muito elegante e importante de que essa abordagem pode funcionar, ao menos em ratos”, complementa.

.