Paulo Dantas aproxima Fundação Lemann da educação alagoana; quem ganha e quem perde?

O governador Paulo Dantas (MDB) viaja nos próximos dias para a Europa “em missão politica internacional”, informa a Agência Alagoas, com altas lideranças da Fundação Lemann. O debate será na Universidade de Oxford, no Reino Unido. A universidade é considerada uma das melhores do mundo. 26 vencedores do Nobel passaram por ela.

A Fundação Lemann faz parte do Grupo Lemann, ligado a um dos homens mais ricos do Brasil, Jorge Paulo Lemann. Principal objetivo da fundação é a formação educacional de qualidade. Para isso, Lemann também investe em lideranças na política-partidária que ocupem espaços em cargos públicos para aprovação de projetos de interesse da fundação. A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) é uma delas.

O principal tema da campanha de Tabata: educação pública voltada para o ensino técnico e profissionalizante, focada na qualificação para as demandas do mercado de trabalho.

Os críticos deste movimento, porém, dizem que a roupagem aparentemente moderna tem outra proposta: ‘empresariar’ a educação, selecionando o que é ou não descartável para uma virada nos índices educacionais brasileiros.

Além disso, a parceria de grandes grupos empresariais com políticas públicas, sobretudo na área da educação, indica avanço de uma racionalidade tecnológica de ganhos e eficiência desenvolvida a partir da gestão do mercado e das finanças corporativas.

Daqui, segundo as críticas, nascem interesses políticos e de poder.

O estado e a sua gestão assumem a postura racional do empresário, subjugando o interesse social em detrimento da lucratividade de alguns setores econômicos da sociedade.

O pacote neoliberal para educação e vínculos com essas instituições aparentemente filantrópicas funcionariam como “think tanks” que defendem uma lógica de submissão a uma formação escolar e política que buscam suprir às demandas do mercado de trabalho e que legitimam o universo empresarial e competitivo.

E Alagoas com isso?

Segundo dados divulgados neste domingo (06) na Folha de São Paulo os 10% mais ricos no Brasil ganham até 50% mais que a metade da população mais pobre. Mesmo que tenham o mesmo grau de formação. Os dados são de um estudo feito a partir uma parceria entre a Universidade de Zurique (Suíça) e a USP.

Alagoas carrega dados preocupantes e urgentes na área da educação. Tem o 9º lugar em desigualdade entre os que tem ensino fundamental incompleto e ensino médio incompleto. No ensino superior está em 4º lugar mais desigual.

Estes dados implicam em um sistema de perpetuação da pobreza em Alagoas. As oportunidades se fecham a depender da camada social que o(a) alagoano(a) faz parte. O itinerário da pobreza faz alusão a um sistema de casta, com baixíssima mobilidade social e empregabilidade formal.

O que Paulo Dantas trará de Oxford para Alagoas? A que capital humano será dada a oportunidade para desenvolver o Brasil? Questionamentos é o que não faltam.

Acompanhando Dantas “irá uma comitiva governamental composta pelas secretárias de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag), Renata dos Santos; do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur), Caroline Laurentino de Almeida Balbino, e a major dos Bombeiros Militar Elaine Kristhine Rocha Monteiro, subcoordenadora da Assessoria Militar do governador”.

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