É possível vivenciar um processo relacional com quem pensa, sente, se entrega e louva a sagrados diferentes dos nossos?
Cresci sabendo que era proibido.
Meus grupos de amigos geralmente comungavam a mesma crença e compartilhavam os mesmos preconceitos que eu tinha com outras vivências religiosas.
A família sempre se empolgava no fortalecimento de uma crença legítima, e toda a irmandade assim agia, celebrando com festejos e cânticos o proselitismo da fé.
Hoje, na idade mais bela que já possuí, bebo em taça compartilhada por variadas devoções no espaço sem muros da Casa Comum, um movimento que agrega corações e extasia espíritos no aprendizado contínuo sobre as faces do Amor, que também possui muitos nomes.
Quem somos na Casa Comum? Todos irmãos e irmãs. Pessoas que se amam e respeitam, protegidas pelas convicções de que todos somos um, sob as energias criadoras e suas bençãos plurais.
Iniciamos as vivências de espiritualidade comum e diversa no período inicial de maneira online, mas já conseguimos ultrapassar os limites virtuais e tivemos um encontro denominado “Vivência Inter-religiosa de Espiritualidade”, no último dia 26 de maio.
As alegrias da comunhão se estenderam entre 14:30 às 20:00 h, em nossa residência na cidade de Maceió.
Apesar de numerosos participantes, na ocasião agregamos com Mãe Kandysse Melo, Yalorixá Umbandista; Rubia Carly, Protestante Pluralista; Odilon Rios, Kardecista Progressista; Jeyson Rodrigues, Protestante Pluralista e eu mesma, Ana Cláudia Laurindo, Kardecista Progressista.
O encontro foi conduzido por mim, anfitriã naquela ocasião, e seguiu o ritual abaixo:
Acolhida
Cântico Rezo “Casa das Flores” com Ale de Maria.
Partilha de sentimentos
Diálogo Inter-religioso sobre noções e experiências de espiritualidade
Conversa com o Sagrado
Leitura: Fragmento de “Caminhos da Eterna Flama: espíritos em viagem”, de minha autoria.
Ceia Inter-religiosa
Celebração e bate-papo.
Eis um esboço singelo da casa sem muros que nos acolhe sem distinção de credos, com as portas dos ventos abertas aos que amam e sonham com a unidade nas diferenças de livre escolha.
Este é o sonho libertário que vivenciamos no território da devoção.
Uma resposta
Muito bom vivenciar o cultivo à espiritualidade, podendo enriquecer minha própria perspectiva e experiência com o Sagrado, a partir de outras experiências distintas. Isso amplia meus horizontes e reforça o caráter transcendente da minha fé e do próprio Deus. Gratidão por essa construção conjunta de comunhão, tão bela, rara e sagrada.