Parceria com a TV Ufal não sai do papel e Semed Maceió continua sem plano educacional na pandemia

Passado dois meses da manifestação de interesse em uma parceria com a TV Ufal, o secretário de Educação de Maceió, Elder Maia, assiste ao naufrágio da proposta, enquanto tenta lidar com a falta de autonomia dele na pasta e nada de planos da Semed para evitar o aumento da evasão escolar na pandemia.

A ideia da secretaria era que a TV Ufal transmitisse as aulas da rede municipal aos alunos e cursos de capacitação para professores, compensando a falta de aulas presenciais por causa da pandemia e o buscando alternativas para o apartheid digital, que deixa milhares de alunos da rede sem aulas por eles não terem condições de acesso a celulares ou planos de internet para assistirem aos vídeos.

A parceria entre Semed e a TV Ufal custaria R$ 1,132 milhão ao ano. A televisão, com sinal aberto, abrange a grande Maceió.

O prefeito João Henrique Caldas, o JHC (PSB), assinou parceria de R$ 1,4 milhão por ano com a TV Cidadã, do Tribunal de Contas, também pública.

“Serão produzidos conteúdos pedagógicos e didáticos numa longa grade programação através da colaboração entre Semed e a TV Ufal. A grade contará com programas e conteúdos para todos os estudantes da nossa rede, através de um veículo com alto alcance como é a televisão aberta”, disse o secretário em 9 de março, ao celebrar o convênio com a TV Ufal.

Ao blog e via assessoria, Maia disse que “o projeto está em andamento. Estamos agilizando os aspectos jurídicos e administrativos”.

Na prática, porém, esse interesse é cada vez menor.

Em 7 de abril, a Ufal protocolou documento, detalhando a proposta do que seria uma parceria com a Semed.

Esse documento é datado de 29 de março. Nele, a Fundepes, fundação ligada à universidade, solicitou autorização para deflagrar processo para contratação com a secretaria das tele-aulas.

“(…) nosso intuito é celebrar parceria e poder ofertar ao povo maceioense, notadamente ao público infanto-juvenil, a possibilidade de ensino remoto viável e de qualidade, tudo com vistas ao retorno das atividades letivas em modal possível, seguro e eficaz destinado aos nossos alunos e alunas, principalmente os mais vulneráveis socialmente, além de toda a nossa gente”, diz trecho do documento, obtido pelo blog.

No documento, diz-se que ainda a TV Ufal “opera o único canal aberto televisão aberta mantido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) em Alagoas”, concluindo que “estamos diante do fato de exclusividade nessa conjunção de fatores, a saber: canal aberto de TV gerenciado por fundação de apoio e afiliado à empresa pública de abrangência nacional”.

Fala ainda da exclusão digital “nos quais nem toda a população pode ter acesso à conexão em banda larga ou a tecnologias como 4G via telefonia celular, muito menos poder aquisitivo para a compra de smartphones com grande poder de processamento”.

E ressalta o caráter democrático da TV Ufal “quase que onipresente no aspecto à presença nos lares, constitui-se como meio de informação para variadas camadas da população. Especialmente frente às comunidades mais carentes e menos providas de recursos materiais, a televisão cumpre um papel relevante no quesito comunicação e entretenimento”.

Elder Maia é professor da Ufal. Foi diretor da Edufal, a editora da universidade, antes de assumir a Secretaria de Educação de Maceió.

Nas redes sociais, ele mostra como uma de suas prioridades a construção de escolas. Só que as obras não devem sair do papel tão cedo porque a Câmara de Vereadores ainda não aprovou o orçamento para a capital. A previsão é que isso aconteça até o final do mês.

Com R$ 240 milhões em caixa, deixados pela sua antecessora Ana Dayse Doria, Elder Maia tem pouca autonomia na Semed e a maioria das indicações para cargos estratégicos na pasta não foi dele e sim do prefeito JHC.

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