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Paraisópolis e os sepulcros caiados

Se você se diz cristão e segue indiferente ao massacre estatal em Paraisópolis, está na hora de reler o Evangelho!

Se distraidamente, você se pega justificando a morte de pessoas jovens pisoteadas, está na hora de se olhar no espelho e tentar reconhecer humanidade em seu rosto!

Sim, é tempo de denunciar a falsa cristandade que se reveste em privilégios de castas, classes, categorias e grupos religiosos fechados para condenar as vítimas da violência social, pois estes que se acreditam “ungidos” deveriam ser “o sal da terra”, e “o fermento das massas”, na pregação do amor de Jesus.

Se o choro das mães chega aos seus ouvidos, ainda que trazidos pelos fios da sensibilidade, abracemos em prece este elo de luz, que nos coloca hoje entre os desprezados pelos “cidadãos de bem”, mas nos aproxima pela fé praticada, da verdadeira caridade.

O sacrifício das vidas juvenis não tornará este torrão natal pátria do Evangelho, jamais! Antes, o torna um matadouro, e atrairá as forças do atraso para cada vida indiferente, omissa, ou conivente com a carnificina.

Os tempos da desinformação já passaram! A responsabilidade de quem conheceu os passos de Jesus cresceram. E ser cristão nesta terra, nestes dias ensombreados, não será descansar à sombra das teorias de prosperidade e discursos demagógicos de meritocracia.

O amor cristão está sendo provado na intensidade da humanização, que admite indignação e permite luta, resistência, no clamor contra a injustiça que se impõe como sistema de governo, atropelando as conquistas da tênue civilidade desta nação.

Nove jovens morreram pisoteados como resultado de uma ação truculenta, mas se os membros esmagados não estalarem nada na sua consciência que se diz cristã, vós mesmos sois o sepulcro, limpo e cheiroso por fora, mas pleno de sujeiras e rapinagens por dentro.

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