A Barra de São Miguel prova que o orçamento secreto ajuda menos a resolver os problemas sócio-econômicos e mais a promover os interesses de famílias agregadas há décadas ao poder, com discursos de renovação, boas práticas na política e um monte de outras palavras.
Mas e o povo? Onde está o povo?
Benedito Lira, o prefeito da Barra, é pai de Arthur Lira, presidente da Câmara. Ano passado, os cofres da cidade receberam das emendas de relator R$ 4,7 milhões. Em 2020, R$ 5,8 milhões. Segundo a Folha de São Paulo foi o maior volume de recursos proporcionalmente em relação à população.
É como se cada um dos 8.400 habitantes da Barra tivesse recebido R$ 1.250 na conta ou 3 depósitos do Auxílio Brasil.
Só que a política-partidária em estado bruto funciona diferente.
As “emendas do relator” precisam de uma Prefeitura que contrata empreiteiras e construtoras para executar obras para o bem do povo.
E como está o povo em meio a tantos milhões despejados pela família Lira? Abaixo da linha da pobreza com esgoto na porta e sem água na torneira.
À Folha, Arthur Lira disse que a Barra “é pólo turístico do Brasil” e que tem “essa enorme desigualdade que está tendo melhorias”. E “é bom inclusive que vocês da imprensa deem visibilidade para tanta desigualdade”.
O empenho da família Lira emociona. Vai transformar a Barra numa Suíça tropical. Só faltará nevar.
