Que tipo de energia é essa que mantém Maceió estática, mesmo em uma rotina de negações do bem-viver para a maioria dos seus habitantes?
O serviço de transporte público é precário. Acentua o cansaço, o desgaste físico e emocional, influindo na vida real dos trabalhadores, estudantes, cidadãos que precisam se deslocar dos bairros “abandonados” pela prefeitura para outros pontos da cidade.
Maceió sabe que está descuidada, mas está apática, deixando correr solta a pretensão política do prefeito de aparência jovem com prática governista arcaica, que não chega perto do povo, senão quando as câmeras estão ligadas, para performar e postar.
Não são apenas os bairros afetados pela mineração que estão afundando, Maceió cai lentamente em um buraco de desesperança, e assiste vídeos engraçados para distrair a mente conturbada, exaurida de rotina difícil, com as imagens fofas da família do prefeito em sua rotina de quem não se preocupa com o pagamento de boletos.
Isso é o presente. Nesse presente não existe futuro.
Esse lado é o do maceioense votante, que espera o demorado transporte público com a passividade de quem vai para o abate, e dentro dos veículos lotados, suporta o trânsito caótico para chegar no trabalho ou no lar, sem energia para emplacar lutas pela cidadania, pois apenas a sobrevivência lhe importa materializar, de alguma maneira.
Esse é o lado de cá das telas. Onde o prefeito não chega. Apenas as propagandas vêm, mas elas não podem ser chamadas de políticas públicas e ninguém discute a cidade real, que oprime em dureza existencial com a banalização do descaso público.
O conceito de cidade inteligente que descarta os moradores é uma indecência aceita e engolida a seco. As dores sociais de Maceió não ecoam nas mídias performáticas, mas chicoteiam o lombo da pobreza todos os dias.
Aos sábados e domingos nem ônibus lotado tem, porque a frota reduz ao ponto de desestimular a saída. Ao trabalhador, o confinamento. Porque apenas o turismo encontra espaço na pauta local, e este não utiliza transporte público.
O voto pode definir os dias que vivemos, mas para isso, é preciso ser percebido como tal.