BLOG

Onde está a pior Câmara de Vereadores? Em Maceió.

A Câmara de Vereadores de Maceió, capital mais conservadora do Nordeste, fecha o ano de 2023 merecendo o título de a pior do país.

A cidade costeira está nas mídias nacionais e internacionais por causa de um desastre ambiental provocado, que alcançou territorialidade, histórias, lutas existenciais de milhares de habitantes dos bairros atingidos, com amplo resumo de perdas.

Uma tragédia que já se consumou, mas guarda o suspense da piora a cada momento.

A política partidária em nosso país guarda para si o direito de se tornar coadjuvante de mazelas empresariais, na serventia integral ao mercado, no miolo do sistema sem rosto, sem veias, sem humanidade, que é o capitalismo liberal.

O povo que antes materializava a vida já em sentido marginal, nos bairros circundantes da Lagoa Mundaú, onde a extração do sal gema abriu crateras que engoliu sonhos e direitos, de repente se viu sem nada, e a Braskem, rica mineradora também sem rosto, mas movida a CNPJ e negociatas, barganhou migalhas com alguns e deixou outros tantos à espera de semelhantes apaziguamentos antes que afunde o lado da rua onde moram, e a Câmara de Vereadores de Maceió em análise geral, fazendo jus à poucas exceções de edis que se pronunciaram no caso, nada fez de substancial em favor daqueles a quem representam, de acordo com o modelo democrático no qual foram eleitos.

Quando falamos povo, esquecemos que a alusão genérica descaracteriza. Assim vamos citar os moradores vítimas da diáspora maceioense como crianças recém nascidas, mulheres grávidas, puérperas, mães lactantes, entre outros. Por que este recorte na imagem nascituro/mãe? Porque a Câmara de Vereadores de Maceió, a mesma que deixou de lado estes citados como vítimas da Braskem, promulgou um Projeto de Lei que obriga mulheres e meninas que são acobertadas por lei para solicitarem o aborto legal (compreenda-se que já se trata de vítimas de processos dolorosos) acompanharem imagens de procedimentos abortivos realizados por outras mulheres, no intuito de que desistam do direito.

A prática coercitiva é tortura em caráter institucional. É ilegal. Inconstitucional.

Este é um dos resultados do voto encharcado de conservadorismo e ignorância, arrebanhado por indivíduos medíocres, que nada compreendem sobre o verdadeiro papel da vereança, e somente se tornaram parlamentares porque surfaram na onda fascista que setores das religiões tradicionais encamparam em Maceió.

Abandonar a criança que já nasceu não sensibiliza tais políticos.

Odiar e punir a mulher, a menina, que em muitos destes casos foram vítimas de abuso e não suportam evoluir uma gravidez acontecida sob estas circunstâncias, é algo que atrai estes ditadores que se alocaram em espaços criados para a democracia.

Não houve chamamento público, debate, diálogo com a sociedade e setores especializados. Apenas um gesto autoritário que reafirma o patriarcado e enche o ego de religiosos conservadores que nada fazem pela libertação do povo de Deus e se anestesiam com práticas medievais, iludindo as próprias almas. Estes são os eleitores dos vereadores que encamparam esta violência subsequente contra meninas e mulheres já vitimadas.

Nosso repúdio!

Mas também nossa esperança de que no próximo pleito nós eleitores de Maceió, possamos qualificar essa representação, livrando nossa cidade de episódios assim hediondos.

 

SOBRE O AUTOR

..