A construção de um cartão postal em São Paulo, na gestão João Doria, revela traços coloniais pincelados em nosso quadro social.
É uma roda gigante, no estilo que existe em outros lugares do mundo. Uma empresa é quem vai administrar o projeto, mas terá de pagar um aluguel mensal pelo uso do espaço público por 10 anos.
Só que a gestão Doria quer que a empresa, autorizada a cobrar ingressos aos usuários da roda gigante, destine parte destes mesmos ingressos para a população de baixa renda.
Os moradores do entorno da obra não gostaram. E, nas redes sociais, dizem que a roda gigante vai “piorar a frequência” na região, tornando-a “muito popular” e aumentando a criminalidade.
Estas informações são da Jovem Pan.
O resumo disso? Mais pobres e negros frequentarão um local cuja obra pública não deveria ser pública mas privada.
E como os negros e pobres são mais violentos, a lógica é que eles devem permanecer nas periferias.
O brasileiro- geralmente exigente com os outros- tem vergonha de se assumir racista.
Mas não apenas ele é racista. Ele retira do armário a mortalha dos bandeirantes contratados para matarem índios e negros desobedientes para justificar o status que divide pessoas entre melhores e piores.
Os negros e pobres, é claro, são os piores.
Não por acaso, neste país racista, ambos são os matáveis. Matáveis também pelas mãos da polícias, os antigos capitães do mato operando ordens dos barões, sinhás e iaiás.
Uma grande roda gigante dos engenhos ainda gira nos mecanismos da nossa sociedade.