O louco que previu o futuro

Coaracy Fonseca- é promotor de Justiça e ex-procurador Geral de Justiça de Alagoas

Ao assistir ao documentário, dirigido por um argentino, sobre os vários bairros destruídos pela Braskem, as lágrimas escorreram dos olhos.

O engenheiro José Geraldo Marques, nos anos de 1975, prevendo o futuro, o desastre sócio-ecológico que iria acontecer negou a licença de implantação, foi tido como louco pela “elite” inculta e danosa de Alagoas.

O seu ‘Não’ foi solenemente ignorado por Divaldo Suruagy, que determinou a implantação do empreendimento da morte, mas ele não estava sozinho.

Em Alagoas, os “grupos” e “organizações” apoiaram-no e fizeram sair do Estado o dissidente, pois louco é todo aquele que não comunga com a corrupção e o parasitismo, do arrumadinho local.

E eles sabem trabalhar bem. Sabem intimidar e não adianta recorrer à polícia, braço armado dos donos do poder.

Senti vergonhas das nossas instituições e de integrar o atual Ministério Público. A revolta dos moradores é fundada e verdadeira.

Mas sinto dizer que em Alagoas não vão conseguir nada. Sugeri a um amigo, que está acompanhando mais de perto o caso, que tentassem a Justiça dos EUA. O Diretor da empresa já foi condenado por lá.

Sugeri que a Comissão Interamericana de DH fosse acionada, lá se encontra a professora Flávia Piovesan, uma brasileira.

A empresa é muito forte economicamente e a nossa justiça muito frágil. Demais disso, a chamada “elite alagoana” é comprometida. É o que tenho visto.

Mas os crimes cometidos não são apenas ambientais, há crimes contra a humanidade que outros deram continuidade, pela cegueira deliberada, para falar pouco.

O banco de réus encontra-se à espera, respeitado o devido processo legal, daqueles que vieram depois do gestor findo e enterrado, mas não para a História, para quem sabe o seu valor.

A BRASKEM passou por aqui. Está no YouTube. Veja.

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