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Nos Direitos Humanos o rosto do meu filho

No dia em que enterrei o corpo do meu filho eu me despedi agradecendo àquele espírito desligado do corpo traumático por cima das cicatrizes que a experiência terrena lhe impôs à alma, por ter sido meu professor de Direitos Humanos!

Sua saga dolorosa me imunizou o olhar das ilusões tirânicas! Porque como mãe a dor de acompanhar foi inenarrável! E como gente eu aprendi de modo intensivo como estes Direitos precisam ser defendidos, conquistados a cada dia, mantidos e preservados, pois o abutre que mora no poder instiga a tirania sobre corpos e mentes como alavancas que determinam rumos.

Muito mais do que recurso discursivo os Direitos Humanos são plantações de futuro, na esperança do broto, da madureza, da elevação civilizatória!

Sepultar uma vítima de violência é o ápice dessa ausência; da falha institucional, humanitária, civilizatória, moral e espiritual de um povo!

Todas as lutas empreendidas por meu filho nesta sociedade de mentiras perfumadas foram aparentemente vãs. O poder de macular o sofrimento das vítimas ainda permanece com os juízes e os emissores de juízo. Mas nós não podemos desistir de lutar!

Não me julgo mais limpa ou heroína pela saga vivida, pela lágrima que não seca; por vezes desejaria não ter jamais denunciado os crimes cometidos contra um menino de doze anos, por vezes quero acreditar que meu silêncio teria evitado sua morte, mas quando a razão emerge eu assevero que nunca foi culpa minha nem dele, que estas escolhas não estavam em nossas mãos porque caberia às instituições garantir nossos direitos.

Quais direitos, podereis desavisadamente perguntar, ao que te responderei: Direitos Humanos!

Falem mais em Direitos Humanos!

Atuem mais por Direitos Humanos!

Não permitam que o abutre presidencial possa retirar esse alimento distinto das nossas vidas!

Por ora volto a agradecer ao espírito hoje desencarnado que um dia vestiu de amor e risos o corpo material gerado nas minhas entranhas, por tudo que me ensinou, pela força de resistir aos chamados das futilidades e abertura poética aos clamores da boa luta, da luta justa, que em mim perdura na defesa ininterrupta dos Direitos Humanos!

Uma resposta

  1. Minha irma, nunca le perguntei o que acontesseu com vc e teu filho, por devidas questoes, a principal a dor. A dor de uma mae ser afastada de sua cria, e assim como sentì pela Mirtes ao saber do seu caso, entrando en desespero por nao ter mais seu filho em bracos pra amar, cuidar, criar. Agora sento o mesmo por tua alma de mae neste momento, a gente continua vivendo, mais è um viver incompleto, injusto, in-merecido. ISto vai mudar minha irma, tem que mudar, primeiramente tem que mudar na nossa forma de pensar e ver o mundo. Mais tem que mudar, caso contrario a mae natureza, o universo, sangra se poe triste. Mais vai mudar, com nossa forca de amor e respeito! nao e fàcil de ningum jeito, mais tem que mudar minimamente.

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