Não há saída: a solução é a Justiça e a substituição da classe política atual

Othoniel Pinheiro- Professor de Direito Constitucional

É fácil perceber que todo o arcabouço secular que mantém as atuais práticas políticas e eleitorais – enraizadas na cultura e na alma dos políticos que estão no poder – levou o nosso país à miséria financeira e moral, tendo uma das piores distribuições de renda do planeta, apesar de estarmos entre as dez melhores economias do mundo.

Nesse contexto, as doações de empresas, de empresários e de agiotas a campanhas eleitorais retroalimenta um grande esquema de compra de votos em eleições, negociatas em licitações de obras públicas, compadrio político e lavagem de dinheiro, culminando com a total ruína do patrimônio brasileiro diante de um Congresso Nacional fraco, não representativo e subserviente às ordens de banqueiros e do mercado financeiro.

A solução não virá a curto prazo.

Mas uma coisa é certa: já passou da hora de acabar com esse modo de fazer política que é inerente aos atuais grupos políticos que dominam as várias regiões do país.

Todos nós sabemos que tais grupos possuem conchavos regionais e municipais nada republicanos, que servem de canais de distribuição de propinas, contaminando e fabricando indivíduos não autônomos em todas as classes sociais e subservientes ao coronelismo do século XXI.

Diante desse triste cenário, percebe-se que o Brasil não vai mudar enquanto não houver a deposição desse modo de fazer política, que passa pela aposentadoria dessa turma.

Enfim, continuar a votar nesses mesmos grupos é bater continência para esse sistema. É dar aval para a continuidade das mesmas práticas que afundam o Brasil desde a colônia.

Os profissionais da política de hoje são filhos, netos, bisnetos, sobrinhos, genros e irmãos que não sabem fazer outra coisa a não ser aquilo que vivenciaram e aprenderam nas velhas práticas seculares do poder.

Infelizmente, ao que parece, a proibição da doação por parte de empresas privadas a campanhas eleitorais, não impedirá a prática ilícita do Caixa 2, que é uma das principais fontes de esquemas no país.

O primeiro passo, e bem importante, passa pelo fortalecimento das polícias civis e federais, do Ministério Público e do Poder Judiciário, desde que atuante dentro dos mandamentos constitucionais e garantistas, para processar todos aqueles que se utilizam da política para enriquecimento pessoal.

A conscientização do eleitor virá com a liberdade de imprensa desamarrada das oligarquias, com amadurecimento democrático das autonomias e com a separação entre política e poder econômico, que dará espaço para o surgimento de verdadeiras lideranças populares.

Uma resposta

  1. Sim, concordo com tudo, mas temos como remontar tudo sem a participação destes canalhas? Afinal representam uma boa parte do PIB no país. Como reconstruir com os mesmos canalhas?

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