Na reta final, campanha de Bolsonaro aposta em deslegitimação das eleicões

Na reta final do segundo turno a campanha de Jair Bolsonaro (PL) aposta em narrativa de deslegitimação das eleições. O presidente está em segundo lugar nas principais pesquisas de intenção de voto.  Ele tem assumido, durante esta semana, uma postura de ataque contra o TSE e na suposta acusação de boicote nas inserções em emissoras de rádio no Norte e Nordeste do país. As alegações, no entanto, não surtiram o efeito desejado já que as provas que apresentou não foram suficientes.

Para conter o desgaste em sua campanha gerado pelo episódio de violência contra policiais federais feito pelo aliado Roberto Jefferson, a equipe do presidente contestou a propaganda eleitoral na noite de segunda-feira (24), 25 horas após a prisão do ex-deputado.

No entanto, nesta quarta-feira (26) Alexandre de Moraes, presidente do TSE, rejeitou a ação movida pela campanha destacando a ausência de provas. Ainda apontou para possível crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito em sua última semana. O caso será avaliado dentro do inquérito das milícias digitais relatado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Em reação a decisão, Bolsonaro modificou sua agenda durante o dia e convocou uma reunião ministerial com a presença de três comandantes das Forças Armadas no Palácio do Planalto em Brasília (DF). Em coletiva de imprensa, ele afirma:

“Com toda a certeza, nosso jurídico deve entrar com recurso, já que foi para o Supremo Tribunal Federal. Da nossa parte, iremos até às últimas consequências, dentro das quatro linhas da Constituição, para fazer valer aquilo que as nossas auditorias constataram, que há realmente um enorme desequilíbrio no tocante às inserções. Isso obviamente interfere na quantidade de votos no final da linha.”

Já está sendo desenhado o discurso que irá compor a agitação de suas bases eleitorais nos próximos dias. No lugar de vítima, pretende alegar desequilíbrio entre sua campanha e a de Luiz Inácio Lula de Silva (PT) que segue como favorito nas intenções de voto. Apostar em uma candidatura antissistema e de perseguição é o ponto nodal de sua caricatura belicosa.

Em comícios realizados em Minas Gerais, Bolsonaro fala em manipulação de resultados e insinua a não aceitação da apuração das urnas.

“Mais uma do TSE. Vocês estão acompanhando. As inserções do nosso partido que não foram passadas em dezenas de rádios pelos Brasil. Sou vítima, mais uma vez. Onde poderiam chegar nossas propostas nada chegou”, disse.

Nas redes sociais Flávio Bolsonaro (PL-RJ), senador, filho e coordenador da campanha do presidente, pede cassação da chapa de Lula. “O roubo das inserções de rádio é batom na cueca do PT: abuso de poder econômico clássico! Registro da chapa do PT tem que ser cassado”, ele escreve.

Apoiadores radicais já falam em adiamento do segundo turno nas redes sociais para que Bolsonaro tenha o suposto tempo perdido nas inserções das rádios.

Fonte: Folha de São Paulo

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