O resultado do Enem 2023 gerou uma euforia nas redes sociais, principalmente quando se referiu à nota da redação.
É considerada nota máxima aquela que alcança mil pontos.
Com o tema “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”, 60 redações ficaram com lugar de destaque.
Os estados que mais notas máximas alcançaram individualmente foram Rio de Janeiro e São Paulo, com 7 redações em destaque, mas o resultado regional deixou o Nordeste em primeiro lugar, com 25 estudantes conquistando nota mil, enquanto o Sudeste emplacou 18. A região Sul ficou em terceiro lugar e a Norte em quarto.
Apesar de não vibrar nessa disputa que segue amplamente excludente, em vários aspectos, reconhecer que o Nordeste tem superado a baixa expectativa que o Sudeste e o Sul continuam direcionando para nós, com o garbo da escrita formal crítica e analítica, como pede o Enem, é um estímulo para continuarmos ocupando os espaços históricos dos quais tentam nos excluir.
As regiões brasileiras que “herdaram” dos bandeirantes um imaginário de superioridade sobre os demais territórios pátrios, reproduziram uma leitura engessada sobre o Nordeste, que graças ao incrível movimento interno de sobrevivência do nosso povo é muito mais do que uma área de lazer nacional.
Ser nordestino significa muito, principalmente quando o manuseio miserável da politicalha intenta manter a sociedade sempre à margem da fome e da necessidade de ajuda. Mas nós queremos cidadania! Queremos dignidade! E lutamos todos os dias para superar preconceitos.
Por este viés, também consideramos motivo de celebração o desempenho nordestino na redação do Enem.
Mas acima de tudo, torcemos para o Brasil, nossa casa pátria de dimensões continentais, feita para ser amada com responsabilidade política expressa no voto cidadão, libertário, crítico e transformador.
Adiante Brasil, essa geração pode escrever outra história.
