Médicos confirmam morte do presidente do Malauí

Um dos médicos que tratou Mutharika, 78 anos, disse que o presidente estava "clinicamente morto" desde quinta-feira, depois de ter sofrido um ataque cardíaco. A mídia estatal apenas informou que ele havia sido encaminhado para a África do Sul para tratamento médico.

IG

O presidente do Malauí, Bingu wa Mutharika, morreu nesta sexta-feira, informaram os médicos e ministros do gabinete à rede britânica BBC. Até o momento, nenhum anúncio oficial foi feito.

Um dos médicos que tratou Mutharika, 78 anos, disse que o presidente estava “clinicamente morto” desde quinta-feira, depois de ter sofrido um ataque cardíaco. A mídia estatal apenas informou que ele havia sido encaminhado para a África do Sul para tratamento médico.

 

Foto: Reuters

Presidente do Malauí Bingu Wa Mutharika faz pronunciamento após reunião na capital de Uganda, Kampala (2010)

 

De acordo com a Constituição, o governo deve ser assumido pela vice-presidente Joyce Banda, que ficará à frente do país mais pobre da África austral até as eleições de 2014, mas, por ora, o silêncio oficial do governo cria um visível suspense sobre a sucessão.

A empobrecida nação africana passou a madrugada desta sexta-feira mergulhada em todo tipo de boatos depois do ataque cardíaco sofrido pelo presidente. Essa falta de informação é vista como uma tentativa do governista Partido Democrático Progressista para evadir-se da questão sucessória.

O problema é que Joyce Banda foi excluída do partido por Mutharika, que teria escolhido seu próprio irmão para sucedê-lo. A exclusão de Banda incomodou a muitos, que viram nisso uma tentativa de Mutharika concentrar o poder.

Os médicos e ministros ouvidos pela BBC disseram que o corpo de Mutharika foi levado para a África do Sul enquanto uma decisão sobre qual será a próxima medida é tomada. Fontes do governo disseram que as tentativas de ressucitar o presidente fracassaram e que um anúncio oficial é preparado.

Ex-economista do Banco Mundial, Mutharika chegou ao poder em 2004 e foi reeleito com enorme maioria em 2009. Seu prestígio, no entanto, começou a cair por suas constantes tentativas de controlar a mídia e blindar seu governo de qualquer crítica.

Seus conflitos com países doadores e com o Fundo Monetário Internacional (FMI) acabaram por afetar a economia de um país dependente da ajuda externa e com escassez de reservas.

Em julho passado, as frustrações populares explodiram em manifestações de ruas, que a polícia reprimiu causando a morte de 19 pessoas. Em março, uma ampla coalizão de grupos sociais pediu a Mutharika que renunciasse.

A questão da sucessão não será de fácil solução, já que qualquer tentativa de contornar a Constituição enfrentará resistência de vários setores da sociedade, segundo os analistas.

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