Maioria dos praticantes de caminhada anda abaixo do ritmo ideal, diz estudo

Estado de Minas

Chova ou faça sol, é preciso acertar o passo. E fazer exercícios ao ar livre nos parques, praças, avenidas ou em volta da Lagoa da Pampulha. No feriado emendado ao fim de semana, milhares de belo-horizontinos fizeram suas caminhadas – alguns num ritmo adequado, como orientam os educadores físicos, outros sem compromisso com a intensidade do exercício e movimentos do corpo. As cenas, claro, vão se repetir sempre, mas, antes de sair de casa da próxima vez de tênis e boné, preste bem atenção num ponto fundamental e responda sinceramente: “Você caminha ou passeia?” Com base em estudo feito nas nove regionais da cidade, o professor do Departamento de Fisioterapia da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Anderson Aurélio da Silva responde sem titubear: “A maioria passeia”.

O trabalho desenvolvido entre o fim de 2011 e o primeiro semestre deste ano avaliou 142 pessoas, na faixa de 40 a 60 anos, e constatou que cerca de 75% do grupo observado na caminhada diária não conseguia se beneficiar totalmente do exercício. A maior parte dos entrevistados pratica em intensidade abaixo da ideal e os outros o fazem com intensidade acima do recomendado, expondo o corpo a lesões. “Dessa forma, apenas uma em cada quatro pessoas faz a caminhada de maneira correta, dentro dos parâmetros de segurança e eficiência.”

Anderson explica que, ao caminhar, a pessoa deve se preocupar com a chamada “sobrecarga” ou a boa relação entre duração, frequência e intensidade do exercício – na pesquisa, a sobrecarga das 142 pessoas foi medida por meio da frequência cardíaca. Segundo ele, há um número que é encontrado pela fórmula: 220 menos a idade da pessoa: “Essa é a frequência cardíaca máxima, a qual é calculada pela idade da pessoa. Entre 60% e 80% desse valor, o exercício traz os benefícios máximos. Acima disso, pode causar lesões e, abaixo, traz poucos benefícios”, explica. O ideal, por exemplo, é que a sobrecarga de um homem de 40 anos varie de 108 a 144 batimentos por minuto.

A equipe do EM/Diario acompanhou o professor Anderson à orla da Pampulha, nas primeiras horas, já bem movimentada, podendo conhecer, na prática, um pouco do comportamentos dos belo-horizontinos. “Algumas pessoas que caminham mostram um bom movimento dos braços, passos ritmados. Outros, vê-se nitidamente, estão apenas passeando”, conferiu o professor, que conversou e deu dicas para garantir rendimento no exercício. Ele explicou que as mulheres se adaptam bem à caminhada e têm um desempenho melhor. Já os homens preferem correr. Um dado curioso é que não houve diferenças entre as nove regionais, embora se note um rendimento melhor na Pampulha, Centro-Sul e Barreiro. “A explicação é que, nessas três, as pessoas não precisam ficar parando para atravessar vias públicas.”

.