Maceió: Um ano de Iplan, décadas de pobreza e desigualdade social

Silvio Rodrigo

É o contraditório que aparece como fonte rica de informação no universo político-midiático contemporâneo, até em Maceió, a capital das águas mornas e cobiçadas do Nordeste.

Em um ano de atuação, o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Maceió (Iplan) embarca em uma empreitada inusitada: tornar Maceió uma cidade inteligente.

Não se escondem pois os arroubos ideopolíticos desta proposta exótica, onde a palavra desigualdade não entra em momento nenhum e o urbano aparece de plano de fundo de uma cidade em direção ao progresso.

A fantasia do progresso, no entanto, é a construção de uma ideia de cidade e com reflexo políticos e materiais muito reais para serem deixados de lado.

Não é só trágico e pouco sincera esta nova abordagem que esconde velhas práticas e torna moderno o mesmo pensamento retrógrado: uma Maceió partida ao meio e escolhendo seus escanteios para jogar gente.

“O digital é solução!”, dizem os mais afoitos pela cegueira que causa o discurso forâneo das potências industriais e tecnológicas do mundo.

O que dizer do país onde as regiões Norte (82,4%) e Nordeste (83,2%) permaneceram com os menores resultados em inclusão digital. Os dados são do módulo Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do IBGE, divulgado em novembro de 2023.

Direcionando as ações do Instituto está a ideologia da disputa e controle de dados afastados da vida real dos munícipes, que seguem divididos entre os que são importantes, pois votam e os que são duplamente necessários, pois influem.

A tipologia cidade inteligente na capital retrógrada de um estado igualmente antiquado e com cultura aristocrata secular é a contradição fundamental do novo/velho modo de pensar o universo urbano.

Ao que parece, os esforços modernos com ares de progresso do Iplan só consegue repercutir na Orla Marítima de Maceió, empreende esforço mais não sai do canto com o Plano Diretor e cumpre o papel de entidade fantásmica em uma gestão de mídia fantoche.

Um brinde a mais um ano!

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