Maceió: Justiça ambiental não é dever de casa, é reparação histórica

Por Silvio Rodrigo, repórter

Mais uma temporada chuvosa chega em Maceió e o evidente problema urbano mais uma vez é pauta política importante no município. De fato, estamos todos cansados desta mesma problemática.

Mas opiniões se inflamam quando o tema é Maceió, planejamento urbano e saneamento básico. Ao que parece, o discurso apaziguador de alguns analistas encontra fio condutor no mais do mesmo: trabalho de político é dever de casa.

Penso o contrário: projeto de cidade é a representação de uma práxis política, que envolve posicionamento específico em um ambiente de disputa.

A quem serve a predileção de alguns bairros em investimentos em infraestrutura?

A quem serve a mobilização intensiva e massiva de propaganda da cidade/produto?

A quem serve a pauperização da vida dos maceioenses para aproximação arbitrária em épocas eleitorais e a manutenção de uma participação social rebaixada e pouco democrática?

Em política, não há o óbvio a se fazer quando o assunto é orçamento e bem público. Os arroubos tecnocratas e “lógicos” da administração pública detém suas preferências, pois engendram processos maiores de disputa pelo território, pelo orçamento e pela cidade.

Cuidar da cidade não é dever de casa, assim como também não é abstração e ideal. Cuidar da cidade é cuidar de quem? Onde? Como?

As clivagens e declives da desigualdade maceioense não são obras ocultas, estão aí para todo mundo ver. São veias abertas que os braços pobres e desconsolados vivem quando a natureza chove em seus ciclos.

Onde está o Plano Diretor? É necessário perguntar. Quando o Plano de Mobilidade Urbana será pauta desta disputa que além de narrativa é material, simbólica e econômica.

Faltam os pingos nos “Is”, a coragem de contrapor projetos que além de pouco eficazes condenam populações inteiras a vulnerabilidades e perigosos ambientais.

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