Livre pensamento espírita

Por mais que tenhamos ímpetos de conquista, que prevaleçam em nós os apelos da razão! Pois nem sempre será necessário conquistar o que o ego reclama, e sempre será de grato alcance reconhecer ter feito o melhor possível, em busca da compreensão do que nos encanta ou desencanta.

Humanidade em processos de tantas transformações, exposta ao caldo das dores societárias, por ora nos convoca a medir os passos dados, em respeito ao que o outro silencia, em gesto sentido de auto-respeito. A história aqui pertence ao todo.

Eis a hora das decisões como efeito de provas. O tablado do amadurecimento emite sons de dentro para fora, mesmo que se tornem inaudíveis às massas apressadas, é o coração que fala.

O que é Espiritismo nesta alvorada ainda cinza?

Será o recanto dos nossos recalques jogados para baixo do tapete? Será a tribuna das nossas vaidades? Será o refúgio do nosso autoritarismo? Ou será o penduricalho do nosso comércio, para atrair perdidos?

Não será em todo aquele que em nome das coisas puras se manifestam que haverá pureza, e vale para encarnados e desencarnados. Não há loja de seguridades para proteger ingenuidades, mas nós recebemos da própria vida os radares da inteligência e razão, para serem utilizados.

Espiritismo é espaço de arbítrios respeitados, onde a vida movimentará ainda diante do nosso descrédito todas as circunstâncias possíveis ao favorecimento dos projetos encarnatórios, sejam simples ou complexos, pois para esta lei importa ampliação de resultados, mesmo intrínsecos a cada espírito.

Maturar esta compreensão é aprender a usar as próprias asas. Não se liberta quem se prende aos julgamentos.

Não se compreenda aqui que todo questionamento mereça ser silenciado pelo medo de julgar, pois é da essência kardeciana questionar, analisar, avaliar. Com medo de atuarmos na alçada da coerência podemos por incúria nos afogar em convicções esvaziadas.

Pela própria energia de lutas e competições que cercam o globo terrestre, todos nós encontraremos armadilhas ao longo do caminho, mas vale lembrar que somente “lobos caem em armadilhas para lobos” e nossa autenticidade será a defesa mais incisiva diante dos tribunais que a mediocridade possa erguer.

Espiritismo não tem donos, mas nem todos os que se utilizam da palavra abraçam a essência. Estejamos atentos ao que escolhemos para chamar de nosso.

Por ora, o livre pensamento me guia na responsabilidade imensa de assumir este amor às liberdades.