Iniciar um governo não é simples. Escolher uma boa equipe também não. E isso fica ainda mais difícil quando o prefeito não tem experiência no Executivo, como é o caso de JHC.
Parece ser por isso que Jota escolheu concentrar para si todas as decisões da comissão que define ações da gestão municipal na pandemia e o grupo que em 10 dias vai auditar os contratos das empresas de ônibus para reduzir a passagem.
Os dois colegiados foram escolhidos pelo prefeito e são compostos por comissionados nomeados exclusivamente pelo prefeito.
Não há representantes da sociedade civil nem de outros poderes. As decisões são previsíveis: serão de cima para baixo, da cúpula da Prefeitura para a base da pirâmide.
Os sinais são ruins.
Os ônibus que circulam em Maceió são um desrespeito ao cidadão que merece um transporte melhor porque paga para isso. Eles não têm ar condicionado nem wi-fi; são superlotados, sujos, mal iluminados, a frota está acima da idade limite para circular; os empresários não pagam a outorga nem respeitam leis municipais. São hipócritas ao cobrarem fiscalização e coerção aos clandestinos quando eles mesmos não pagam os próprios impostos.
Mesmo assim, ao longo dos anos, o sistema foi perdendo usuários para os clandestinos e isso impacta no custo do quilômetro rodado. Essa questão está na mesa e a comissão dificilmente dará uma resposta diferente da que o prefeito quer ouvir.
Sim, os empresários também merecem ser ouvidos, mesmo que o lucro deles esteja acima de todos os interesses humanitários.
Só que eles são peças do sistema.
Mesma coisa acontece na comissão que analisa serviços na pandemia. Os músicos voltam a tocar nos bares; o prefeito analisa o retorno do funcionamento dos cinemas. A discussão está apenas nas quatro paredes do gabinete de JHC. As consequências também não demorarão a chegar. Com elogios e críticas.
Se o prefeito quer montar comitês ou comissões só com pessoas escolhidas por ele, com as respostas de todas as perguntas previamente definidas, para quê perder tempo com isso?
Melhor assumir os riscos e decidir por si mesmo o que está por si. Se os fins justificam os meios, seja o que Deus quiser…
