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Imprensa cerceada aqui, acolá e alhures

7 de junho é Dia Nacional da Imprensa.

Temos muito o que falar sobre esta questão. Se de um lado temos a cascata permanente de notícias falsas tentando figurar como prática de imprensa no Brasil da insegurança midiática, no extremo democrático, equilibramos ditos e não-ditos no fio tênue das relações de interesse político, refinadas perseguidoras de repórteres e jornalistas.

Liberdade se transforma a cada dia mais, em justificativa para conviver com o mínimo possível, pincelando a escrita e a fala com renúncias pessoais, sob o espectro rude dos poderes que incitam jornalistas contra outros jornalistas, na construção figurativa do assessor de imprensa capitão-do-mato.

Saudades brotam na memória do país que reuniu milhares de assinaturas de jornalistas para assegurar a liberdade de imprensa, na insurgência contra as heranças malditas da ditadura militar.

Neste século de desventuras encontramos entre nós da imprensa, nossos algozes, servos dos poderes.

Sim, o poder cooptou jornalistas, e os fez esquecer o sabor incrível de cumprir um papel social para além de eventos pomposos. Rasgou o cordão umbilical entre imprensa e coletividade, oferecendo jantares e acessos a ambientes exclusivos, com a missão de transformar comunicação em um aparato governamental, apenas.

Falar sobre fake news é fácil. Todos chutam no mesmo nível de rancor o instrumento vil atualizado pela extrema direita no Brasil.

Difícil é admitir que os perseguidores da imprensa independente, investigativa, de viés comunitário e adesão histórica responsável estão entre nós.

Isso não apenas fere toda a utopia, mas desertifica o que deveria reivindicar esperança.

Açoitados pela luta por uma liberdade cada vez mais individual de fazer jornalismo, tentamos sobreviver em blocos ilhados, quando poderíamos fidelizar um movimento permanente de proteção e amparo à liberdade comum de expressar aquilo que é de interesse da sociedade, como prática informativa e comunicativa.

Neste ponto de posicionamento político, dedicamos as energias do Dia Nacional da Imprensa aos sobreviventes que não abrem mão de noticiar, mesmo que nos chamem de alternativos e pequenos, o gigantismo da notícia liberta haverá de escrever este momento.

 

 

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