I Encontro do Coletivo “Psi na Luta” mobiliza profissionais para ações sindicais; a participação é gratuita

O “I ENCONTRO DO MOVIMENTO PSI NA LUTA” é um evento GRATUITO e acontecerá no sábado, dia 30 de setembro, às 8h30, no Sindicato dos Urbanitários de Alagoas, localizado na descida da ladeira dos Martírios, no Centro de Maceió.

Se inscreva aqui: 1° Encontro Psi na Luta Alagoas (doity.com.br)

O coletivo “Psi na Luta” nasce de inquietações sobre a realidade do trabalho de psicólogos e psicólogas em Alagoas. A tendência à precarização do trabalho preocupa a categoria, que agora permanece à mercê de empresas, convênios, prefeituras e trabalhos informais que não garantem ou viabilizam a construção de uma carreira duradoura e segura ao profissional.

A psicóloga e psicanalista Alanda Ferro, que também é mestranda em Psicologia Social, convida a categoria para este momento de encontro e formação sindical:

“É importante a presença tanto de profissionais como estudantes de Psicologia, pois o evento busca discutir e fortalecer lutas em busca de melhores condições de trabalho, valorização profissional da área e o reconhecimento de uma Psicologia alagoana atuante e implicada em suas questões atuais”.

A conjuntura difícil do pós-pandemia uniu trabalhadores dispostos a discutir questões importantes sobre carreira e qualidade de vida do trabalhador, com ênfase nos direitos trabalhistas e na luta por mais postos de trabalho.

As lideranças do coletivo agora organizam este evento que tem como objetivo discutir os próximos passos para a construção de um movimento de psicólogos na defesa da categoria.

“Será gratificante oferecer aos trabalhadores da Psicologia uma outra abordagem sobre os seus processos de trabalho, analisando coletivamente a conjuntura da profissão, trazendo uma proposta libertadora, para além de perspectivas hegemônicas e antipopulares de práticas psicológicas. Este momento é histórico e tem o potencial de ser o ponto de partida para compor a luta política da classe trabalhadora. Temos uma perspectiva que tenta, a partir da análise obstinada da conjuntura social e política, caminhos para a construção coletiva da profissão”, reiterou Silvio Rodrigo, formado em Psicologia e especialista em História de Alagoas.

Sofrendo com a precarização, psicólogos ganham R$ 10 por sessão em convênios com planos de saúde; além disso, empresas têm contratado informalmente profissionais para trabalhar em homecare – quando psicólogos atendem em domicílio – por R$ 40 a sessão, sem auxílio transporte e vínculos formais.

De acordo com relatos colhidos pelo coletivo e apurados com profissionais da área, prefeituras alagoanas têm contratado psicólogos para atuar em serviços de saúde e assistência social por menos de um salário mínimo em cargos de comissão, impedindo a organização sindical da categoria e movimentações legítimas de valorização salarial. Até o momento, não houve sinalização efetiva do Governo do Estado ou de Prefeituras para a publicação de editais para concursos públicos.

Segundo Paulo Lima, que é psicólogo e especialista em Psicologia Social, este primeiro encontro é o início de um movimento muito maior:

“Eu acredito que essa nova geração de profissionais da Psicologia irá fazer história na luta por mais direitos. Estamos vivendo, nos últimos anos, um cenário que não favorece o trabalhador: salários baixos, espaços mais disputados e pouca valorização. Essa geração será a que salvará a Psicologia”, disse.

Apesar da ideia de “profissional liberal” comumente atribuída aos psicólogos, esses trabalhadores autônomos não têm conseguido assegurar remuneração suficiente com a profissão, recorrendo a serviços em plataformas digitais precárias, como a UBER e o IFood, para complementar renda. Muitos recorrem ainda a pequenos negócios, como a venda de acessórios, doces e serviços variados. Por essa razão, durante o Encontro, haverá um espaço para a exposição de produtos e serviços oferecidos pelos profissionais para complementar a renda.

“É preciso defender as psicólogas e psicólogos alagoanos que estão na ponta. É necessário lutar por todas as condições trabalhistas mínimas, mas o Psi na Luta vai além e não ignora esses profissionais invisíveis e aqueles que sequer conseguiram obter o registro no Conselho Regional de Psicologia, que exige uma anuidade cujo valor é alto demais para alguns, os quais acabam não podendo atuar como psicólogos”, explica Samuel Melo, psicólogo e psicanalista.

O Coletivo “Psi na Luta” reconhece a necessidade histórica de mobilização da categoria em busca de melhores condições de trabalho.

“Diante de todos os desafios, estamos propondo um encontro com a categoria para fomentar participação ativa de todos os profissionais, fomentar discussões sindicais, sobre postos de trabalho e desemprego. Esse é o trabalho sindical de maior qualidade: aquele que agrega, politiza e democratiza espaços de decisão.” afirmam as lideranças.

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