Governo investiga venda de fugas nos presídios

Preso quase fugiu no domingo, pagando R$ 10 mil; nesta segunda, outra conseguiu, de bicicleta; agentes penitenciários desconfiam de facilitação

reporternordeste.com.br

A fuga de um preso na manhã desta segunda-feira, de bicicleta, do presídio Cyridião Durval fez o Governo de Alagoas abrir uma investigação interna, com a ajuda do Sindicato dos Agentes Penitenciários, sobre um suposto “preço” para que presos deixem, com facilidade, a cadeia.

No domingo, o agente penitenciário Valdemir Carvalho Ferreira foi preso, acusado de planejar, por R$ 10 mil, a fuga de José Márcio Freitas Vieira-um preso perigoso: é um dos braços do traficante Ivanildo Nascimento da Silva, conhecido como Aranha. Investigações do Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc), do Ministério Público Estadual, obrigaram o Governo a transferir Aranha para o presídio federal de Catanduvas, no Paraná.

O plano não deu certo. Foi descoberto horas antes da execução.

Na manhã desta segunda-feira, o preso Sandro Botelho teve mais sorte: trabalhava como pedreiro no módulo do trabalhador, no Cyridião Durval. A versão oficial é que ele aproveitou o descuido das autoridades e viu uma bicicleta do outro lado da grade e fugiu, sem ser visto.

Sandro estava preso por formação de quadrilha e assaltos a banco.

“Desconfiamos destas fugas porque como é um preso sai da cadeia, pega uma bicicleta e deixa tranquilamente a prisão?”, pergunta o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários, Jarbas de Souza.

“Não podemos afirmar oficialmente porque não temos provas. Mas, temos informações indicando que fugas estão sendo patrocinadas por presos. Pode perceber que o cara que fugiria no domingo tinha dinheiro; e o bandido perigoso de hoje, que fugiu, não era pobre. Nunca vi bandido pobre fugir”, disse.

O Governo investiga as informações de facilitação nas fugas.

“Falamos muitas vezes: é preciso trocar a direção do sistema prisional ou afastar por um tempo. Além disso, há funcionários sem concurso trabalhando nas cadeias, pessoas que tinham sido afastadas e voltaram ao trabalho. Isso precisa mudar”, disse Jarbas de Souza.

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