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Filha conta história de Jayme Miranda, o herói que a ditadura trucidou

Um homem que só existe na história.

E na lembrança do último encontro.

No dia 4 de fevereiro de 1975, o jornalista e advogado alagoano, Jayme Miranda, saiu de casa, no Rio de Janeiro, beijou o pai e a irmã.

Deveria encontrar um colega do PCB, que lhe entregaria alguns documentos.

Jayme sumiu. Até hoje, 42 anos depois.

Sua história: foi sequestrado, torturado, morto pelos agentes da ditadura.

O corpo foi posto em um avião militar. E jogado a 200 milhas da costa, no Oceano Atlântico, em São Paulo.

Jayme tinha quatro filhos.

Os mesmos que torturaram e mataram Jayme também executaram outro alagoano, Manoel Fiel Filho. E o jornalista Vladimir Herzog.

Olga Miranda, uma das filhas de Jayme, fez uma busca de 40 anos. Quis homenagear o pai. Procurou em cinco arquivos públicos (São Paulo, Rio, Pernambuco, Alagoas e Minas Gerais) informações sobre ele.

“Descobri que a intolerância pode gerar efeitos ruins de longa duração”, disse Olga.

Nesta sexta-feira (31), 53 anos após o estouro do Golpe Militar, Olga lança o livro “Oh, Pedaço de Mim”. Será no Sindicato dos Bancários (Centro da capital alagoana), às sete da noite.

A família Miranda pagou o preço do assassinato de Jayme. Cita o jornalista Arnon de Mello.

“Uma família perseguida por causa da escolha partidária de dois de seus membros, bem como das denúncias que faziam veicular no jornal A Voz do Povo. Devido a uma matéria publicada contra Arnon de Mello meu pai foi preso e torturado em Recife, pegando 1 ano de cadeia. A história conta a peregrinação de meu avô sempre tentando salvar o filho”.

Olga faz um relato familiar e autobiográfico. Os dias de solidão, sem o pai e o ódio inteiro de uma sociedade.

“Tive de aguentar muitas vezes sozinha as agruras do dia a dia de uma dona de casa sem dinheiro e sem amigas, isso em razão da clandestinidade a que estavam submetidos. Mas também ressalto nossa condição de espírito e revelo os momentos em que vi meu pai e minhas reações diante de tudo isso e de como adquiri a certeza de que ele está comigo a despeito do que ouço sobre a necessidade de que eu faça uma terapia”.

Talvez, Olga, um país inteiro é quem precisa fazer terapia…

olga

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