Expresso Pequi

Renato Alves- Correio Braziliense

Assinaram, semana passada, o protocolo de intenções para elaborar estudos de viabilidade da ligação férrea entre Brasília e Goiânia. O trem de média velocidade transportaria cargas e passageiros. Pararia em Anápolis e, provavelmente, em Alexânia. O trajeto completo, cerca de 200km, duraria algo em torno de uma hora, metade do tempo gasto atualmente de carro.

Não é a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez que discutem tal ideia, que assinam um protocolo de intenções para elaborar estudos de viabilidade para construção de uma linha ferroviária ligando Brasília a Goiânia. Agora, usam como argumento o potencial econômico do Entorno e das cidades às margens da BR-060. Das outras, falavam na necessidade de dar mais conforto e rapidez no transporte daqueles que moravam em Goiânia e no Entorno e trabalhavam na capital do país.

Em 2003, o governo federal anunciou a retomada do transporte de passageiros nos 70km entre o Plano Piloto e Luziânia. O plano, que não previa a troca da linha nem a compra de vagões %u2014 seriam reformados vagões de propriedade da União, parados em São Paulo %u2014, estava estimado em R$ 15 milhões.

O projeto não saiu do papel, mas consumiu milhões dos cofres públicos com estudos de viabilidade e viagens de grandes comitivas do DF e de Goiás à Europa, para conhecer os modernos trens de alta velocidade do Velho Continente.
Em 2009, o senador Marconi Perillo (PSDB-GO), que participou das discussões e viagens, seis anos, antes como governador de Goiás, pediu a retomada do plano. Mas ninguém sabia quanto custaria a nova proposta de Perillo. Segundo o então secretário de Transportes do DF, Alberto Fraga, o projeto estava em estudo e os custos estimados eram %u201Caltos%u201D.

Seria preciso trocar toda a rede de trilhos e investir na compra de vagões. A rede existente, de 1m de largura, era inadequada. Técnicos diziam que o trem para transporte de passageiro precisava ter 1,4m. Tudo ficou em mais um projeto, em discursos e planos de viabilidade.

Não tenho dúvidas de que construir ferrovias e metrôs é desafogar as estradas e ruas, diminuir as mortes por acidentes e o tempo gasto pelos trabalhadores no vaivém diário. Mas o Brasil, ao abandonar nossas ferrovias, perdeu o trem da história. E retomá-lo custa muito caro, ainda mais com tantas indecisões, tantas promessas, tantas viagens à Europa, tantos estudos de viabilidade.

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