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Espíritas apartidários ou acovardados?

Sim, eles começam a marcar as próprias falas com as tintas do apartidarismo, que para o bom entendedor nada mais é do aquela saída morna, quando a situação vai ficando cada vez mais vergonhosa para quem já desenvolveu o mínimo de senso ético.

Ditos espíritas de carteirinha, frequentadores de casas tradicionais há muitas décadas, que surfaram na onda bolsonarista e vociferaram contra Lula, o PT, misturando Haddad e Venezuela, comunismo e marxismo cultural, no desafogar das emoções retidas. E agora estão parando para ouvir melhor, e começaram a entender que Moro é apenas um espírito zombeteiro em vias de aprendizado, mas com tendências fortes de reincidência em prováveis erros do passado.

Na visão mais otimista e na torcida piedosa, vamos considerar que isso signifique um despertar. Como eles poderão continuar nas mesmas bolhas relacionais sem correrem o risco de serem considerados “esquerdistas”? Como saborear os mesmos manjares sem receber os olhares discriminatórios dos aguerridos espíritas direitistas?

O muro pode ser a saída mais segura para aqueles que conseguem admitir o acerto dos “comunistas”. Sou apartidário! – Um grito novo e forte entre muitos espíritas.

Entre a arrogância afrontosa dos que cooptaram as casas espíritas tradicionais para a margem da direita e os novos comedidos “sem partido”, são as vozes dos espíritas progressistas que reproduzem a esperança, o anúncio das lutas travadas contra a ignorância, e a assertiva de que enquanto houver vida haverá mudanças.

A gravidade do momento político brasileiro não admite a frieza dos apoiadores dos podres poderes, nem a astúcia dos mornos, eis que até Jesus desaconselhou esse caminho… É a quente palavra evangélica, que perpassa os corações e remonta corajosos enfrentamentos da história cristã, que traz a chama transformadora da anunciação.

Chegou então o instante de deixar pai e mãe, irmãos e irmãs, e abraçar a irmandade universal por princípios cristãos, pois se a morte é fruto do pecado e a vida é o galardão daquele que crê, é na luta por igualdade de acessos e condições existenciais dignas que o Evangelho redivivo nos pauta a conduta no momento histórico.

Nós lutamos uns pelo bem dos outros. Somos irmãos na mesma confirmação dos direitos de viver, com todos os componentes de acréscimo para o bem estar e a felicidade, desde este mundo, ao qual regressamos ou para o qual viemos, como benção divinal.

Deixemos os mortos enterrarem seus mortos conceitos de santidade, e libertemos nossa subjetividade e materialidade influindo politicamente no tempo que nos é dado para agir na terra, e, quem sabe assim nos tornemos partícipes da renovação conceitual da vivência espírita. Estamos no mundo, melhoremos o mundo! Não o desprezemos, não desqualifiquemos os caminhos construídos pela humanidade para conduzir a própria história.

Apartidários ou não, assumamos essa identidade política revolucionária e com ela guiando os olhares, peçamos aos mentores e amigos do alto, discernimento e humildade para nesta oportunidade reencarnatória não repetirmos as mesmas tendências de escolher a causa dos fortes, massacrando com a indiferença suas vítimas.

A política da irmandade universal é expressão viva da compreensão do Evangelho e dos ensinamentos transformadores de Jesus, aquele que venceu a cruz e as tramas ardilosas dos que se julgavam poderosos na sociedade do seu tempo.

A vida em abundância, é minha escolha. Qual é a sua, irmão espírita?

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