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Espíritas à esquerda e o moralismo espírita

Tenho observado cuidadosamente como a popularização da designação “espíritas à esquerda” provoca reações contrariadas entre aqueles que se reconhecem adeptos do Espiritismo.

No entanto, somente para ilustrar o lado oposto, quando Divaldo se intitula de “médium á direita” a reação massiva vem em forma de elogios, gracejos, em total empatia.

Ora, ora, nada mais normal do que a identificação com a “direita” quando a nascente brasileira do que se tornou movimento espírita foi deveras elitizada.

Houve um período no Brasil, no qual os que se reconheciam espíritas e se reuniam em volta de mesas com caráter mediúnico, foram amplamente perseguidos. Oficialmente colocados na vala comum do curandeirismo, com os benzedores e outros xamãs locais, os espíritas buscaram a promoção da crença na doutrina relacionando-a a pessoas com nomes de peso social, principalmente nos grandes centros urbanos.

Como estratégia de fortalecimento e proteção, o berço elitista funcionou.

Elementos outros, como curiosidade diante dos fenômenos, busca de cura para males que afetavam parentes ou a si mesmos, encantamento com a vertente literária francesa e casos variados de despertamento espiritual, acabaram agregando personalidades multifacetadas.

Nos caminhos da evolução as etapas mais variadas podem ser vividas, montadas, construídas, desconstruídas, reconstruídas. Tudo pode fazer parte da formação do novo, desde que não se estacione na escala inicial.

Deste modo, o aflorar dos “espíritas à esquerda” requer muito mais do que a elaboração de listas comportamentais, justificativas ou críticas embasadas no achismo, ou nos piores casos, no moralismo espírita.

Para quem precisa de caminhos prontos, é sempre bom recomendar cuidados, pois os caminhos estão sempre em construção enquanto estamos aprendendo a caminhar como irmãos.

Para todos nós os desafios são imensos, mas o que nos diferencia é a receptividade ao novo jeito de caminhar.

Esquerda não significa pautas genocidas em nenhuma fase da vida, nem intrauterina nem fora do útero; pois o impulso societário se vincula à existência digna, na mais plena visão humanitária.

O impulso de vincular esquerda ao aborto é explosão de senso comum.

Aborto é temática suprapartidária e não pode ser vinculada à ideologias ou religiões, mas a questões de saúde pública, no combate à criminalização da mulher.

Muito já se escreveu sobre ser espírita, mas o que mais nos alegra hoje, é saber que ainda há muito para ser escrito!

Portanto, ao caminho, em aprendizado construtor, sem negar as necessidades de atualização e vinculação de nossas práticas com o chão do nosso tempo histórico, político, econômico e cultural.

A revelação é a candeia que o amor maior derrama em forma de conhecimentos e descobertas, as luzes que afastam as trevas!

7 respostas

  1. Essa sua esquerda não é sair do elitismo,mas negar os ensinamentos de Jesus.Ele jamais será a favor do aborto.Nem desse sua palavreado que só intelectuais entende.
    Vocês é quem querem elitizar o Espiritismo e fazer valer sua opinião que nunca foi por ter estudado o Espiritismo.
    Vocês sim são as trevas e querem enganar quem acredita que podemos ser a favor de matar um ser que ainda está no ventre de sua mãe.Quem mata nunca será mãe,mas uma egoísta que se preocupa só com seu corpo.Não quer filhos,então use todos os preservativos existente no mundo ou seja seca.
    O Espiritismo nos ensina ser gente e saber amar.Não é nenhum moralismo.Mas é contra essa liberação de transar com quantos quiser sem responsabilidades.

    1. Seu comentário revela que seu conhecimento sobre esquerda ou o que é espiritismo de esquerda é puro achismo. Mas valeu pela defesa da vida, afinal nós espíritas de esquerda não apoiamos aborto, pelo contrário, somos a favor da vida plena, e não há vida plena no sistema capitalista.
      Sem justiça social não há salvação.
      Muita paz.

      1. Parabéns pela colocação. Concordo plenamente.
        Participo do espiritismo há 25 anos e sou de esquerda. Sou á favor da vida, sempre!
        Grande e fraterno abraço.

  2. Não existe “moralismo espírita”. Há, e parece inegável, moralismo por parte de espíritas que desconhecem o Espiritismo em profundidade, como ciência do Espírito que é.
    A autora parece insistir na ideia de que Espiritismo é religião, fundamentalmente, e, portanto, pode desvirtuar a pauta do tema abortamento e que não pode contê-la. Confusão e leitura inadequada do que é Espiritismo.
    O Espiritismo revela e demonstra Leis Naturais. Penetra no bojo do fenômeno da vida após a morte para que, a partir da consolidação dessa certeza, todos nos vejamos como Espíritos imortais. E isso deve produzir imediato impacto na forma como vemos e valorizamos cada existência.

  3. É triste ver a que ponto chegamos ! Espiritismo de ” esquerda ” espiritismo de ” direita ” , não passa de uma oportunidade de tirar proveito dentro da bolha do politicamente correto ! Respeito pelo próximo , quem diverge não é inimigo !

  4. Cada vez mais encontro vertentes tentando legitimar seus pensamentos, que hora ou outra se diz esquerda, direita…
    As escritas estão aí, são legítimas, o tempo e acontecimentos a legitimaram, e nelas não há citações de esquerda ou direita, perdemos tempo e energia neste engodo, que nos leva a erros de entendimento. O planeta está mudando, passando para uma fase muito diferente, precisamos de cada um que possamos ter, orando e agindo conforme a necessidade que o momento exige, sejamos um todo e não em partes, onde cada uma nao aceita o outro. Há int3resses maiores, importantes do que nosso umbigo, seja ele de esquerďa ou direita.

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