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Do passado ao futuro, a luta!

Do velho vem o novo, como uma haste do mesmo tronco dividida em galhos e folhas, do passado o presente brota, sobre o feito projetamos o que virá.
Por essa razão, o passado, se não justificar a mudança, jamais seja aceito como desculpa para estagnação.
Tenho uma parte ancestral ao pé das serras palmarinas, onde o romance entre um negro e uma branca possibilitaram a miscigenação que me define.
Outro lado conheceu o sufoco das queimadas, a derrota do lúdico sob o verde-exploração dos partidos de cana da região norte, perto dos mares e dos rios hoje poluídos.
Minhas partes ancestrais conheceram as lendas que protegiam as matas, as trilhas que conduziram os pés assassinos dos jagunços e os alpendres ilustrados das casas-grandes.
Sei o sabor do jambo maduro caído do pé, conheço o cheiro da chuva na grama e a carranca do patrão quando contrariado também me assustou a infância. Nasci no meio do ontem que gerava mentalidades brutas e ameaçadoras, persistentes no cinismo de hoje, onde o verniz da boa fala oculta o tirano.
O passado, porém, não deve ser usado para justificar as patologias contemporâneas.
Conhecemos onde essas estradas e atalhos levaram as nossas vidas. Sabemos o que foi feito das lavadeiras que cantavam à beira dos rios e de seus filhos. Temos por isso, em nossas mãos, a força de movimentar outras possibilidades.
Repetir o que causou medo, queda e morte? Não!
Hoje é um mapa a ser construído sobre os escombros de ontem, libertando o futuro, a esperança, a potencialidade.
Não aceitemos o ponto final nem mesmo quando o sangue dos mártires encharcarem nossos corações de violentas dores. Continuemos o legado que nossos irmãos em desdita nos deixaram, acreditando que poderíamos fazer melhor, ser mais fortes.
Alagoas não deve perpetuar a história escrita pelo império das usinas e dos latifúndios. O passado nos ensina o teor do erro.
Emancipemos nossa história, mesmo que os herdeiros das contradições insistam em nos manter nos cômodos infectos dos serviçais, ignorando nossa inteligência, criatividade e dignidade.

SOBRE O AUTOR

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