BLOG

Deputados alagoanos cedem a lobby das escolas privadas, que querem reabrir na pandemia

O lobby das escolas privadas foi mais forte na pandemia. E os deputados federais alagoanos Isnaldo Bulhões (MDB), Nivaldo Albuquerque (PTB), Pedro Vilela (PSDB), Severino Pessoa (Republicanos) e Sérgio Toledo (PL) disseram sim ao projeto de lei que permite a volta às aulas presenciais durante a pandemia. A proposta torna a educação serviço essencial.

O projeto, se seguir adiante, vale para todas as escolas mas interessa bem mais às particulares. É um mercado gigantesco: movimenta R$ 80 bilhões por ano, tem quase 9 milhões de matriculados, jovens de famílias muito ricas e ainda mais ricas na pandemia.

O Grupo Seb- que também atua em Alagoas- do empresário Chaim Zaher é um dos mais interessados na reabertura das escolas de maneira presencial. Tem 255 mil escolas próprias ou franqueadas espalhadas pelo país.

As escolas particulares tentam convencer pais ou responsáveis que os alunos estarão bem protegidos do vírus, seguindo protocolos rigorosos para evitar a contaminação, com aulas presenciais e à distância.

Por outro lado, a pandemia expôs a chaga da desigualdade no país. E não é diferente na educação.

O coronavírus mata mais pessoas negras e pobres, público raríssimo entre os maiores grupos educacionais no setor privado. Negros e pobres frequentam mais as escolas públicas, onde o apartheid digital impede ou simplesmente exclui alunos de acessaram aulas pela internet. E os professores, com baixos salários, são obrigados a investirem em tecnologia por conta própria, além de planos de internet mais caros, para melhor qualidade de vídeos ou lives.

O Sinteal- sindicato que representa os trabalhadores da educação em Alagoas- critica a posição dos deputados federais alagoanos quanto ao retorno às aulas. Mostra, por exemplo, que na escola o professor tem 3 vezes mais chance de se infectar com o coronavírus em sala de aula; assim como o aluno infectado, que tem a capacidade de espalhar o vírus para 60 pessoas.

Para o sindicato, o projeto pode ser chamado de “PL da Morte”. E vai promover um movimento para alertar aos senadores Fernando Collor (PROS), Rodrigo Cunha (PSDB) e Renan Calheiros (MDB) sobre esta medida. Depois de aprovado na Câmara, o projeto de lei segue para o Senado. E, se passar, vai para a sanção do presidente Jair Bolsonaro, um dos maiores torcedores desta iniciativa.

SOBRE O AUTOR

..