Renata mariz – Correio Braziliense
Embaçadas pelo tempo, as lembranças daquele janeiro de 1998 trazem um misto de tristeza e saudade. Marcos Alves Ferreira da Silva, com 12 anos à época, e Vandelino Félix da Silva Filho, 9, questionaram onde estava a mãe. O pai, cujo nome é o mesmo do garoto mais novo, contou aos meninos que Maria Terezinha Alves da Silva, que tinha 33 anos na ocasião, havia fugido com um amante. Um guarda-roupa vazio, o silêncio das pessoas mais próximas e nenhum sinal da piauiense que morava com a família no Núcleo Bandeirante levaram os irmãos a acreditar, durante quase 15 anos, que foram abandonados em troca de uma aventura amorosa. Investigações da Polícia Civil do Distrito Federal, entretanto, apontam que a mulher pode ter sido assassinada pelo ex-marido.
Vandelino Félix da Silva — que criou Marcos desde muito novo, apesar de ser pai biológico apenas do menino que tem o seu nome — foi indiciado na última segunda-feira por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
De acordo com o delegado Victor Dan, responsável pelo caso que tramita na 11ª Delegacia de Polícia (Núcleo Bandeirante), há provas documentais e testemunhais que levam ao ex-marido. A equipe dele chegou a fazer escavações na Casa 2 do Bloco 1.360 da 3ª Avenida da cidade, onde a família residia, mas não encontrou nada. A inexistência de um corpo, porém, não impede que a linha de investigação se confirme, defende o delegado. “Há jurisprudência firmada quanto a isso. O caso Eliza Samudio é um exemplo. Nós começamos a investigar um desaparecimento com um lapso temporal grande, de 15 anos, mas logo a peça se transformou em um inquérito criminal”, diz Victor Dan, ressaltando não poder dar mais detalhes.
