O avanço do coronavírus no Brasil tem o lado B da subnotificação dos casos.
E um dos problemas desta subnotificação- não menos perverso- é quem é testado e quem não é, mesmo quem tem os sintomas da doença.
E se a dificuldade de acesso aos testes mostra a desigualdade social brasileira- instituição histórica e cruel na formação deste país- agora os planos de saúde conseguiram, na Justiça, uma liminar que os desobrigam a oferecer testes sorológicos para o novo coronavírus.
Escreve o desembargador Leonardo Augusto Nunes Coutinho, de Pernambuco, que deu a liminar: permitir a aplicação destes testes “em larga escala” gera “risco à população beneficiária de planos de saúde e, em última análise, ao próprio funcionamento do setor (saúde suplementar – empresas de plano de saúde)”.
A questão é que “o teste que detecta a presença dos anticorpos IgA, IgG ou IgM no sangue do paciente, produzidos pelo organismo após exposição ao vírus” – agora desobrigado de ser feito pelos planos- é um dos outros 6 testes “que ajudam no acompanhamento dos pacientes estão previstos legalmente”. E os pacientes têm dificuldades para o acesso a todos eles, se forem pobres, é claro.
Esta pandemia revelou a nossa tragédia. E parece que isso não foi suficiente. O limite do poço sempre pode estar mais embaixo da lama.
