É um grande dia a cobrança, via Ministério Público, de informações que apuram esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa de Alagoas.
A notícia ruim é que apenas o deputado Davi Maia seja investigado. É como se o procurador-geral de Justiça, Márcio Roberto, estivesse agindo como um agente do Governo. E Davi Maia faz denúncias contra o Governo. E Márcio Roberto já manifestou solidariedade ao secretário de Saúde, Alexandre Ayres, denunciado por Maia. E o deputado é do grupo do prefeito JHC, que faz oposição ao governador, que escolheu Márcio Roberto para chefiar o MP.
Todo este movimento unilateral acontece num momento ruim. A era Arthur Lira na Câmara dos Deputados mostra suas unhas ao buscar limitar o poder do MP. Sabemos que o MP é o fiscal da lei mas nem sempre seu lado é o da Justiça ou moralidade.
O MP alagoano poderia, se quisesse, investigar denúncias de uma biblioteca fantasma na Assembleia, abastecida com dinheiro público e sem um único livro ou arquivo em suas estantes. Aliás nem havia estantes e sim uma sala vazia. Isso foi em 2011 e fartamente denunciado até na imprensa nacional .
A Assembleia é um serpentário. Em 1997 um incêndio destruiu os documentos da CPI que investigava a emissão de títulos podres da dívida pública.
Fraudes na folha de pagamento são mais antigas que as apuradas pela polícia federal na operação Taturana. A serpente parou de pôr seus ovos? Será?
O problema é que o legislativo estadual recebe o orçamento e o MP precisa abaixar-se para discutir com os deputados- alguns deles conhecidos criminosos- os investimentos nas estruturas de apuração. Ter de apertar a mão de um parlamentar ladrão, posando de bom moço, é para quem tem nervos de aço.
São deputados deste porte quem decidem o futuro do MP. E de Alagoas.
Davi Maia deve ser investigado mas não apenas ele. Os carrões de luxo e o patrimônio multimilionário de alguns deputados não foram conseguidos com a atividade parlamentar. A fortuna deles tem uma história tão obtusa quanto a dos barões ladrões dos Estados Unidos. Até o narcotráfico e a pistolagem enfeitam o histórico legislativo.
Vivemos tempos diferentes mas quando falamos da Assembleia é como se ainda estivéssemos nos tempos das pedras carregadas nas costas. Resultado de silêncios e inações.
Até quando nossa indignação será seletiva?